O título engana, mas “Planeta dos macacos: A guerra” não é sobre o confronto definitivo entre humanos e símios. O terceiro e melhor capítulo da trilogia, que estreia nesta quinta-feira (3) no Brasil, finalmente abandona o lado dos homens do conflito e foca sua atenção nos primatas.
De quebra, o filme deixa a tecnologia de captura de performance, usada para criar o protagonista Cesar a partir da atuação de Andy Serkis, brilhar ainda mais nos momentos de silêncio do que nos de ação.
Esqueça humanos bonzinhos de James Franco (“Planeta dos macacos: A origem”) e Jason Clarke (“Planeta dos macacos: O conflito”), presentes nos filmes anteriores para servirem de conexão do público com a trama.
O maior trunfo do roteiro escrito por Mark Bomback e pelo diretor Matt Reeves, que comanda seu segundo filme seguido da série, recai sobre a decisão de usar o líder primata e seus seguidores como o foco central da história.
Assim, não há exatamente uma guerra como o nome dá a entender. E nem poderia acontecer. Afinal, os macacos até são mais fortes fisicamente, mas não têm poder de fogo para ameaçar de verdade os humanos, que se ressentem do vírus que dizimou grande parte da população mundial, ao mesmo tempo que deu inteligência aos animais.
Em busca da vingança
Após um ataque que deixa profundas marcas entre os símios, Cesar abandona sua prioridade de proteger o bando e parte com um pequeno grupo em busca de vingança.
Sua fúria e sua dor rendem os melhores momentos do longa de 140 minutos, e Serkis cria seu trabalho mais marcante como o personagem – o que certamente criará novamente burburinhos sobre uma possível indicação ao Oscar.
O ator britânico deve muito, é claro, à evolução da tecnologia que o permite viver uma versão tão realista de um chimpanzé falante. Assistindo ao filme, ainda é fácil dizer que aqueles eram macacos criados digitalmente. Mas será que só é possível afirmar isso porque já se sabe previamente que eles eram gerados por computadores? É uma linha tênue.
Os símios brilham em longas tomadas reflexivas e silenciosas, e é possível ver através apenas de suas expressões o turbilhão de emoções que existe dentro de suas mentes. Medo, ódio, compaixão. Está tudo ali, exibido em rostos artificiais cobertos de pelos.