Tadalafila nas academias: o que está por trás dessa febre?

A tadalafila é um medicamento aprovado para o tratamento da disfunção erétil e da hiperplasia prostática benigna. Sua ação ocorre através da inibição da enzima fosfodiesterase tipo 5 (PDE-5), o que promove o relaxamento dos músculos lisos e a dilatação dos vasos sanguíneos. Isso resulta em um aumento do fluxo de sangue, facilitando a ereção.

Nos últimos tempos, no entanto, a substância passou a circular nas academias como um suposto potencializador do desempenho muscular. A justificativa para esse uso seria o aumento da vasodilatação, melhorando a chegada de oxigênio e nutrientes aos músculos durante os treinos.

Contudo, até o momento, não existem estudos conclusivos que comprovem que a tadalafila auxilia no crescimento muscular ou na melhora da performance esportiva. O que ocorre é uma interpretação equivocada dos efeitos do medicamento.

“A dilatação dos vasos sanguíneos promovida pela tadalafila pode dar a sensação de músculos mais cheios e vascularizados, o que muitos praticantes de musculação associam ao crescimento muscular. No entanto, isso não significa que há um real aumento de hipertrofia”, destaca o médico Ronan Araujo.

Os riscos e efeitos colaterais

O uso inadequado da tadalafila pode causar uma série de efeitos colaterais, que variam de leves a potencialmente fatais. Alguns dos efeitos colaterais mais comuns são:

Dores musculares e nas costas: devido ao relaxamento dos vasos sanguíneos e ao aumento do fluxo sanguíneo, algumas pessoas experimentam dores musculares difusas.

Dor de cabeça intensa: o aumento do fluxo sanguíneo pode dilatar vasos na região da cabeça, causando cefaleia.

Indigestão e refluxo gástrico: a tadalafila pode relaxar o esfíncter esofágico, resultando em refluxo ácido e desconforto abdominal.

Efeitos colaterais graves

Pressão arterial baixa: como a tadalafila dilata os vasos sanguíneos, pode ocorrer uma queda repentina da pressão arterial, levando a tontura e desmaios.

Risco de infarto e AVC: o uso indiscriminado pode aumentar a sobrecarga cardiovascular, sendo um risco significativo para pessoas com predisposição a problemas cardíacos.

Coceira e reações alérgicas: embora raras, algumas pessoas podem desenvolver alergias graves ao medicamento.

“Outro ponto crítico é o uso combinado da tadalafila com outros estimulantes, como pré-treinos e termogênicos. Essa combinação pode levar a uma carga excessiva sobre o sistema cardiovascular, potencializando os riscos de arritmias, infarto e até mesmo morte súbita”, alerta Ronan Araujo.

Mulheres também estão usando?

Surpreendentemente, o uso da tadalafila não se restringe ao público masculino. Algumas mulheres também começaram a utilizar o medicamento na tentativa de melhorar o fluxo sanguíneo e o desempenho físico. No entanto, a segurança do uso da tadalafila em mulheres saudáveis e sem disfunções vasculares não é bem estabelecida, e os riscos ainda são pouco explorados pela ciência.

Além disso, por atuar na vasodilatação, a tadalafila pode causar efeitos indesejados como alterações na pressão arterial e aumento da sensibilidade nas mucosas, resultando em desconforto durante os treinos.

Vale a pena?

Especialistas em nutrologia e cardiologia destacam que não há justificativa para o uso de tadalafila com a intenção de ganho muscular ou melhora da performance esportiva. Seus efeitos benéficos são específicos para disfunções vasculares e disfunção erétil, não para hipertrofia ou resistência física.

O ganho muscular está diretamente relacionado a uma nutrição adequada, treinamento progressivo e descanso adequado, não ao uso de substâncias vasodilatadores sem necessidade médica.

“O uso indevido da tadalafila pode mascarar problemas cardiovasculares e gerar efeitos colaterais sérios. Não há evidências científicas que sustentem seu uso para ganho muscular, e os riscos podem ser grandes para quem faz uso indiscriminado”, enfatiza o médico.

FONTE: Estado em Minas

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