Uma pesquisa mostrou que Goiás tem mais de meio milhão de usuários cadastrados em um site de relacionamento “sugar”. O g1 ouviu uma psicóloga que explicou sobre esses relacionamentos, que são diferentes dos tradicionais.
Em inglês, sugar baby significa “bebê de açúcar”. A expressão nasceu nos Estados Unidos, no início do século 20, para definir a relação entre um homem mais velho e rico, o daddy (pai em inglês), que banca uma mulher jovem, a baby.
“Em um mundo cada vez mais digitalizado, as oportunidades para esses tipos de conexões crescem e reforçam a ideia de que relações objetivas são viáveis. As mudanças de valores nos relacionamentos tradicionais também pode estar influenciando essa tendência, onde a autonomia e a troca de benefícios imediatos são priorizadas”, disse Roberta Ramalho Constantino.
Roberta é bacharel em Psicologia Clínica e Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e contou que esses relacionamentos podem ser definidos como uma forma moderna de se relacionar, baseadas em trocas explícitas e consensuais de benefícios, onde ambas as partes têm suas necessidades atendidas.
Sugar daddy ou sugar mommy: oferecem suporte financeiro
Sugar baby ou sugar baby boy: proporcionam companhia e, em alguns casos, intimidade
A psicóloga conta que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) explica esses comportamentos como uma resposta às crenças e expectativas das pessoas em relação a poder e segurança. A busca por esse tipo de relacionamento pode ser motivada por cognições que vinculam sucesso e felicidade à obtenção de bens materiais ou status social.
Veja os dados abaixo dos usuários cadastrados:
329.074 – “Sugar Baby”
115.458 – “Sugar Baby Boy”
53.984 – “Sugar Daddy”
13.265 – “Sugar Mommy”
“Na perspectiva da TCC, as sugar babies ou sugar baby boys podem ter pensamentos automáticos ligados à segurança financeira e conforto, com crenças como ‘preciso de apoio financeiro para ter a vida que desejo’ ou ‘essa relação me proporcionará uma melhor qualidade de vida’. Esses pensamentos podem estar associados a experiências passadas de dificuldades financeiras ou a crenças culturais que valorizam a segurança material”, conta a psicóloga.
Conforme a psicóloga, é importante alertar que esses relacionamentos também podem gerar conflitos internos ou desafios emocionais se as expectativas entre as partes não forem alinhadas e podem até resultar em uma frustração ou em sentimentos de desvalorização.
Pesquisa
Segundo a empresa MeuPatrocínio, Goiânia se destaca como polo do relacionamento sugar no estado e tem 212 mil usuários. A capital goiana está entre as cidades com o maior número de usuários na plataforma de relacionamento.
Os dados da pesquisa mostram ainda que a renda média de um Sugar Daddy, que banca a parceira ou o parceiro, é de mais de R$ 70 mil e de uma Sugar Mommy é de cerca de R$ 44 mil.
Conforme a pesquisa, do total de usuários de Goiás, 329.074 mil são Sugar Babies, dos quais 136.750 mil são de Goiânia.
Segundo a pesquisa, o “Sugar Daddy” são homens maduros e bem-sucedidos, que gostam de compartilhar suas riquezas, conhecimentos e momentos com suas “Sugar Babies”. Eles representam um total de quase 54 mil no estado e 24.518 em Goiânia. A renda média de um “Sugar Daddy” em Goiás é de mais de R$ 75 mil e de uma “Sugar Mommy” é de cerca de R$ 44 mil.
Segundo a empresa, há relatos de sucesso em que mulheres transformaram suas vidas ao encontrarem Sugar Daddies que proporcionaram luxo e conforto.
Graciane Cabreira, de 34 anos, é formada em Ciências Contábeis e também atua como influenciadora após fazer uma extensão universitária em relacionamentos e sexualidade. Ela já teve um relacionamento com um sugar daddy e contou que foi uma experiência incrível.
“Eu optei por ser uma sugar baby porque sempre admirei homens mais maduros e generosos. O sugar daddy não apenas me apoiou financeiramente, mas também me agregou muito emocionalmente. Normalmente, esses homens têm a característica de incentivar a outra pessoa a alcançar o que ele já alcançou na vida. Então, isso me faz crescer muito como pessoa, além de me oferecer experiências e ensinamentos valiosos”, disse Graciane.
Graciane contou que geralmente tudo começa com um encontro, depois uma relação casual, até conhecer melhor a pessoa, sentir conexão e assim se aproximar dela para tornar algo mais sério.
“Com certeza, pode ser só algo casual, isso depende do momento que cada um está na vida. O último com quem me relacionei é um empresário de 59 anos e, desde o primeiro momento, me senti valorizada, seja com gestos, bons lugares e presentes”, contou Graciane.
FONTE: G1