Síndrome do coração partido: veja a doença que simula um infarto

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Dizem que ninguém morre de coração partido — mas a realidade mostra que não é bem assim. A síndrome de Takotsubo, conhecida como síndrome do coração partido, surge após situações de estresse intenso, seja físico ou emocional, e afeta diretamente o funcionamento do músculo cardíaco, simulando um infarto. Embora a condição geralmente tenha evolução benigna, se não houver tratamento adequado, pode gerar complicações sérias e até levar à morte.

Essa síndrome é uma cardiomiopatia induzida por estresse, caracterizada pela perda temporária da capacidade de contração do músculo cardíaco, mesmo sem obstrução significativa das artérias coronárias, ao contrário do que ocorre em um infarto clássico.

“Ela mimetiza um infarto do miocárdio, causando disfunção segmentar do músculo cardíaco, geralmente transitória, sem obstrução das artérias coronárias”, explica o cardiologista Marcelo Franken, gerente de Cardiologia do Einstein Hospital Israelita.

Principais gatilhos e fatores de risco

O nome curioso não é por acaso: a síndrome costuma surgir após fortes abalos emocionais ou físicos, como perda de alguém querido, cirurgias, infecções graves e até o uso de drogas estimulantes. Além disso, ela é considerada uma doença cardíaca real que aparece após estresse intenso, seja físico ou emocional, alerta a cardiologista Salete Nacif, diretora da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e integrante do departamento Socesp Mulher, voltado à saúde feminina.

Entre os fatores de risco, os mais comuns envolvem mulheres, principalmente após a menopausa, devido a alterações hormonais que aumentam a vulnerabilidade do coração ao estresse. Segundo Marcelo Franken, a faixa etária mais atingida é de mulheres por volta dos 60 anos. Estudos estimam cerca de 30 mil casos anuais no Brasil, o que equivale a aproximadamente 1% dos infartos.

Sintomas e diagnóstico

O grande desafio da síndrome do coração partido é que os sintomas se parecem muito com os de um infarto. Dor súbita no peito, falta de ar, palpitações, sudorese fria e desmaios ocorrem com frequência, levando muitos pacientes ao pronto-socorro. Além disso, alterações no eletrocardiograma e nos exames laboratoriais reforçam a semelhança com o infarto.

Por isso, os médicos precisam investigar detalhadamente para confirmar a causa. O diagnóstico envolve exames clínicos e laboratoriais, eletrocardiograma, ecocardiograma e cateterismo, que descarta a obstrução coronária típica do infarto. Em alguns casos, a ressonância magnética cardíaca também pode ser indicada.

“Clinicamente, os sintomas são quase idênticos aos de um infarto. A diferença aparece apenas nos exames: no infarto, há obstrução de uma artéria coronária, enquanto na síndrome de Takotsubo observa-se alteração no movimento do coração, especialmente no ventrículo esquerdo”, detalha Nacif.

Causas e incidência

A causa exata da síndrome ainda não é totalmente conhecida, mas estudos indicam que uma descarga excessiva de hormônios do estresse, como a adrenalina, altera temporariamente a função do músculo cardíaco. Além disso, idosos e pessoas com histórico de estresse intenso ou doenças neurológicas parecem mais suscetíveis.

A incidência em homens tem aumentado, sobretudo quando o gatilho é um evento de estresse físico, como cirurgias ou infecções graves. Dados do Registro Internacional de Takotsubo mostram que entre 2004 e 2021, a proporção de casos masculinos passou de 10% para 15%. Embora os homens ainda representem a minoria, eles apresentam maior risco de complicações e morte.

Tratamento e recuperação

O tratamento da síndrome do coração partido costuma ser de suporte, semelhante ao indicado para insuficiência cardíaca. Além disso, envolve medidas para reduzir a carga de trabalho do coração, como o uso de betabloqueadores e inibidores da ECA. O paciente precisa permanecer internado com monitorização contínua devido ao risco de arritmias.

Em geral, a recuperação ocorre em poucas semanas ou meses, e a função cardíaca retorna ao normal. Entretanto, a síndrome pode se repetir em cerca de 5% a 10% dos casos, exigindo acompanhamento médico contínuo.

Prevenção e cuidados

Não existe uma forma específica de prevenir a síndrome do coração partido, mas medidas de promoção do bem-estar ajudam a reduzir o risco. Técnicas de redução de estresse, sono regular, atividade física e tratamento de ansiedade ou depressão contribuem significativamente.

Além disso, a recomendação principal é buscar atendimento médico imediato diante de qualquer sintoma suspeito. Em caso de dor no peito ou falta de ar, é fundamental procurar um serviço de emergência sem demora.

Fonte: Redação

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