Autoridades de saúde passaram a monitorar com mais atenção a circulação de um subtipo do vírus influenza A (H3N2), identificado cientificamente como subclado K. Embora o termo “gripe K” tenha ganhado espaço fora do meio acadêmico, especialistas reforçam que não se trata de uma nova doença, mas, sim, de uma variação genética já esperada no comportamento do vírus da gripe.
Além disso, médicos destacam que os sintomas permanecem os mesmos da gripe sazonal. Ainda assim, o subtipo entrou no radar após alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), principalmente por causa da circulação prolongada observada em outros países.
O QUE, DE FATO, É A CHAMADA “GRIPE K”
Antes de tudo, é importante esclarecer que a chamada gripe K não representa uma nova infecção. Na prática, o subtipo corresponde a uma variação do influenza A (H3N2), que sofre pequenas mutações ao longo do tempo.
Em outras palavras, o vírus evolui de forma natural, o que explica a necessidade de atualização anual das vacinas. Apesar disso, até o momento, os especialistas não identificaram mudanças no padrão clínico nem aumento da gravidade da doença.
Entre os principais pontos já confirmados, estão:
- Não se trata de uma nova gripe, mas de um subtipo do influenza A (H3N2);
- Os sintomas seguem iguais aos da gripe comum;
- Médicos não observaram maior gravidade associada ao subclado;
- Austrália e Nova Zelândia não registraram aumento de mortes;
- A principal diferença foi a duração mais longa da temporada de gripe;
- Grupos de risco continuam os mesmos;
- Antivirais mantêm eficácia quando usados precocemente;
- Testes rápidos auxiliam no diagnóstico;
- A vacinação segue como principal forma de prevenção.
O QUE SIGNIFICA “SUBCLADO”
Para entender melhor, subclado define uma subdivisão de um vírus causada por pequenas alterações genéticas acumuladas ao longo do tempo. Essas mudanças não criam um vírus novo, mas podem influenciar a forma como ele circula na população.
Por isso, especialistas reforçam que a vigilância epidemiológica desempenha papel essencial no acompanhamento dessas variações.
ALERTAS DA OMS E DA OPAS
Nos últimos meses, a OMS e a Opas divulgaram notas técnicas alertando para o crescimento e a antecipação da circulação do influenza A (H3N2) em diferentes regiões, sobretudo no Hemisfério Norte.
Além disso, um estudo publicado na revista científica Eurosurveillance mostrou que o subclado K prolongou a temporada de gripe na Austrália e na Nova Zelândia. Ainda assim, as entidades destacaram que os dados não indicam aumento da gravidade clínica da doença.
Por esse motivo, as organizações reforçaram a importância da vacinação e da vigilância contínua, principalmente diante da possibilidade de circulação prolongada do vírus.
OS SINTOMAS MUDARAM?
De acordo com especialistas da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), os sintomas associados ao subclado K permanecem exatamente os mesmos da gripe sazonal. Entre eles, estão:
- Febre;
- Mal-estar;
- Dor no corpo;
- Dor de cabeça;
- Tosse;
- Dor de garganta;
- Cansaço.
“O quadro clínico segue sendo o de uma síndrome gripal típica”, explica o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm. Segundo ele, médicos não identificaram nenhum sintoma novo ou diferente ligado a esse subtipo.
Além disso, o diretor da entidade, Juarez Cunha, afirma que a duração da doença também não mudou. Em geral, os sintomas desaparecem entre três e sete dias, como ocorre em outras gripes.
POR QUE ALGUMAS PESSOAS RELATAM SINTOMAS MAIS INTENSOS?
Embora algumas pessoas relatem quadros mais fortes, especialistas explicam que essa percepção não indica maior agressividade do vírus. Na prática, a gripe sempre apresenta grande variabilidade entre indivíduos.
Segundo Juarez Cunha, fatores como idade, presença de doenças crônicas, estado imunológico e vacinação influenciam diretamente a intensidade dos sintomas. Esse comportamento ocorre tanto com o H3N2 quanto com outros subtipos, como o H1N1, além de diferentes vírus respiratórios.
QUEM APRESENTA MAIOR RISCO DE COMPLICAÇÕES
Assim como em outras temporadas, os casos mais graves concentram-se nos grupos mais vulneráveis. Entre eles, estão:
- Idosos;
- Crianças pequenas;
- Gestantes;
- Pessoas com doenças crônicas;
- Indivíduos imunocomprometidos.
“Cerca de 75% dos óbitos por influenza acontecem nesses grupos”, destaca Kfouri. Por isso, ele reforça que a vacinação representa a principal estratégia para evitar casos graves e hospitalizações.
QUANDO PROCURAR ATENDIMENTO MÉDICO
Na maioria dos casos, a gripe evolui sem complicações. No entanto, alguns sinais exigem atenção imediata, especialmente entre os grupos de risco.
Febre alta e persistente, falta de ar, cansaço extremo, prostração ou piora clínica indicam a necessidade de avaliação médica. Em crianças, idosos e pessoas com comorbidades, os médicos recomendam buscar atendimento logo nos primeiros sintomas.
DIAGNÓSTICO PRECOCE MUDA O CURSO DA DOENÇA
Outro ponto fundamental envolve o diagnóstico precoce. Atualmente, testes rápidos permitem identificar a influenza de forma ágil, o que facilita o início do tratamento.
O uso do antiviral oseltamivir, quando iniciado nas primeiras 48 a 72 horas, reduz o risco de complicações e de agravamento do quadro, principalmente nos pacientes mais vulneráveis.
VIGILÂNCIA E VACINAÇÃO SEGUEM NO CENTRO DA ESTRATÉGIA
Por fim, especialistas reforçam que o subclado K não representa uma nova ameaça, mas exige atenção por causa da possibilidade de circulação prolongada.
“O mais importante agora é acompanhar os dados, manter a vigilância ativa e garantir alta cobertura vacinal”, conclui Juarez Cunha. Segundo ele, a gripe continua sendo potencialmente grave para alguns grupos, e essa realidade deve nortear todas as estratégias de prevenção.
Fonte: Redação
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