O governador Ronaldo Caiado comentou nesta quarta-feira (01) que ficou evidente a mudança de tom do presidente da República, Jair Bolsonaro, em relação ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Para o goiano, o presidente percebeu a necessidade de ouvir entidades e que não cabe, em uma situação tão delicada, que governantes adotem posturas que incitem a ansiedade e inquietude da população.
“Não podemos tratar o coronavírus como um Fla x Flu, colocando em um ‘time’ aqueles que são a favor da quarentena e, de outro lado, aqueles que são favoráveis da liberação, isolando apenas os idosos, como se isso fosse fácil, como se tivéssemos uma ‘mão mágica’. Estão todos no mesmo time, porque essa pandemia é algo que nunca nossa geração havia visto algo parecido”, alertou em entrevista à Rádio CBN.
Caiado destacou que o momento clama por medidas rápidas e certeiras, embasadas em parâmetros técnicos e científicos, implementadas por meio da união entre os poderes constituídos, além de governadores e prefeitos. “Tem que haver um somatório de esforços para que haja capilaridade de ações. Não é hora de acharmos culpados, mas de achar soluções. Estamos perdendo tempo. Já se foram três meses, prazo em que poderíamos ter nos aparelhado mais para essa crise, com a aquisição de EPI’s [equipamentos de proteção individual] montando hospitais de campanha e disponibilizando novos leitos, o que nos permitirá liberar, com mais tranquilidade, a população para retomar a sua rotina”, pontuou.
Durante a entrevista, ao comentar a estrutura no Estado de Goiás, o governador citou a implantação do Hospital de Campanha em Goiânia, com 222 leitos, já pronto para atender à população. Mas frisou que a ausência de uma estrutura hospitalar regionalizada adequada aumenta a preocupação com uma incidência maior de casos graves da Covid-19.
“Há uma rede muito bem organizada na capital e cidades próximas, como Aparecida de Goiânia e Anápolis. Nas demais regiões, no entanto, estamos muito fragilizados; seja no extremo norte, como no extremo sul.” Citou como exemplo o Entorno do Distrito Federal, região alvo de muita preocupação. A população, majoritariamente carente e que precisa se deslocar até a capital federal para trabalhar, não conta com uma infraestrutura hospitalar adequada. A região foi a primeira a registrar vítima fatal no Estado em decorrência da pandemia, na cidade de Luziânia.
O governador destacou as medidas que vem adotando e lembrou que Goiás foi um dos primeiros Estados no Brasil decretar a quarentena, mesmo sem um caso sequer de Covid-19. “Construímos um hospital com 222 leitos, 100% para pacientes com coronavírus, com toda uma equipe médica e estrutura adequadas.” Tais medidas se refletem no bom desempenho do Estado para contenção da doença, muito atrás por exemplo de São Paulo, epicentro do coronavírus no País.
Além disso, Caiado pontuou que tem trabalhado diuturnamente, conversando com entidades e prefeitos, em busca de providências para amenizar o sofrimento da população, especialmente a mais carente. “Passo o dia inteiro em videoconferências, trabalhando e tomando medidas possíveis no Estado.” Dentre elas, o adiamento dos prazos para pagamento de IPVA para o mês de agosto. Caiado também determinou à Saneago o cancelamento de qualquer tipo de corte no abastecimento em função do não pagamento de faturas, e tem conversado com a Enel e empresas provedoras de acesso à internet.
Há também um intenso esforço na distribuição de alimentos. Ontem, o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), promoveu uma ação social no Estádio Serra Dourada, com a preparação de duas mil refeições que foram entregues durante a noite para moradores em situação de rua e famílias em vulnerabilidade social, além de profissionais da saúde. Os alimentos arrecadados pela Seel foram preparados de forma voluntária por fiéis da Paróquia Divino Espírito Santo.
Fonte: A Redação