O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é o principal articulador de alterações no texto da reforma tributária que está em discussão no Senado Federal. Nesta segunda-feira (30/10), ele cobrou mais engajamento dos governadores para evitar prejuízos aos estados, mesmo que sejam futuros. “A reforma só entrará em vigor em 2030. Por isso, muitos governadores, em vez de enfrentar o debate com coragem, preferem não se confrontar com o governo federal porque até lá já terão saído. Esse não é o meu objetivo”, disse.
Ele fez essa declaração durante uma entrevista ao programa Fábio Sousa com Você, da Fonte TV. Caiado também afirmou que é seu dever “defender os interesses do estado”, mesmo que o maior impacto da nova legislação seja nas próximas gestões. Ele manifestou preocupação com a possibilidade de muitas indústrias deixarem Goiás. “Nossas indústrias não poderão mais ter benefícios fiscais. Se elas não têm consumidores aqui, por que vão ficar em Goiás?”, questionou.
Ele retomou a crítica à tributação sobre o consumo, que, segundo ele, prejudica os estados produtores de commodities. “É importante que vejam a gravidade disso. Por exemplo: se eu planto soja, gastei antes com energia, adubo, mão de obra e outras coisas. Hoje quando se vende a soja para exportação, tudo o que se pagou em tributos fica em Goiás. Com a reforma, só a empresa exportadora vai recolher toda a cadeia de impostos. Não ficará nada para Goiás”, explicou.
Ele também apontou outro problema: a possível extinção do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO), sem uma compensação adequada. “Nós investimos aqui R$ 3 bilhões por ano via FCO. Inicialmente, estão prometendo para Goiás em 2029 receber apenas R$ 240 milhões. Em 2043, quando chegar no patamar máximo, vamos receber R$ 1,2 bilhão”, destacou.
Punição
Caiado disse que os mais punidos com a aprovação da reforma tributária serão os “municípios mais eficientes”, que são 102 cidades goianas, segundo dados do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB). “Quanto mais eficiente o município é, mais vai perder. Prefeitos nessas cidades serão duramente atingidos. Locais com industrialização forte como Rio Verde, Anápolis, Aparecida de Goiânia e Jataí, que têm mais renda, vão ser afetados diretamente”, projetou o gestor.
“Vou continuar trabalhando intensamente pela rejeição. Na Câmara, foi um atropelo vergonhoso. Muitos deputados votaram sem nem saber o que dizia o texto”, lamentou Caiado. O relator da reforma tributária no Senado, senador Eduardo Braga, apresentou seu relatório final na última quarta-feira (25/10), com expectativa de votação em plenário ainda em novembro.”