A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou, em outubro, o uso do medicamento baricitinibe, conhecido pelo nome comercial Olumiant, para o tratamento da alopecia areata, uma doença autoimune que causa queda de cabelo. O remédio já é aprovado no Brasil para o tratamento de covid-19, artrite reumatoide e dermatite atópica. O medicamento é fabricado pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly e o preço pode ultrapassar R$ 5 mil.
A alopecia areata é uma condição que afeta cerca de 2% da população mundial e pode causar perda de cabelo em áreas circunscritas ou em todo o corpo. A doença não tem cura, mas pode ser controlada com tratamentos que visam reduzir a inflamação e estimular o crescimento dos fios. O baricitinibe é um medicamento que inibe uma enzima chamada JAK, que está envolvida na resposta imunológica e na inflamação. Ao bloquear essa enzima, o remédio pode diminuir os sintomas da alopecia areata e favorecer a recuperação capilar.
A eficácia do baricitinibe para a alopecia areata foi observada em alguns estudos clínicos. Em uma das pesquisas, publicada na revista The Lancet, pacientes com 50% de cobertura capilar receberam de 2 a 4 miligramas de baricitinibe por dia, por via oral. Depois de 36 semanas, esses pacientes tiveram cerca de 80% de fios capilares no couro cabeludo, enquanto os que receberam placebo tiveram apenas 7%. O remédio também mostrou resultados positivos em pacientes com perda de cabelo em outras partes do corpo, como sobrancelhas, cílios e barba.
O baricitinibe foi aprovado pela FDA (Food and Drug Administration), a agência regulatória de saúde dos Estados Unidos, em setembro de 2021, para o tratamento da alopecia areata. No Brasil, a aprovação da Anvisa foi baseada nos dados dos estudos internacionais e em uma análise de risco-benefício. O remédio é indicado para pacientes adultos com alopecia areata moderada a grave, que tenham mais de 50% de perda de cabelo no couro cabeludo ou em outras áreas do corpo.
O medicamento, porém, não é isento de efeitos colaterais. Entre os mais comuns estão infecções respiratórias, dor de cabeça, náusea, herpes e aumento do colesterol. O remédio também pode aumentar o risco de infecções graves, reações alérgicas, problemas hepáticos e trombose. Por isso, o uso do baricitinibe deve ser acompanhado por um médico especialista, que deve avaliar a necessidade, a dose e a duração do tratamento, bem como monitorar a saúde do paciente.
O baricitinibe é o primeiro medicamento aprovado pela Anvisa para o tratamento da alopecia areata. Antes dele, os pacientes recorriam a outras opções, como corticoides, imunossupressores, imunomoduladores e terapias biológicas, que nem sempre eram eficazes ou seguros. O remédio representa, portanto, uma esperança para os milhões de brasileiros que sofrem com a doença e que buscam uma melhora na qualidade de vida e na autoestima.