A organização do Salão Anapolino de Arte divulga o nome dos premiados na 25º edição. Eneida Sanches, Renata Felinto e Xadalu Tupã Jekupé foram escolhidos entre os 20 participantes da Mostra Nacional, cuja principal marca, na avaliação dos organizadores, é a diversidade cultural.
Os nomes da baiana Eneida, que vive em São Paulo, da paulista Renata, hoje radicada no Ceará, e o gaúcho Xadalu foram definidos pela comissão de premiação, integrada por Claudinei Roberto da Silva, Samantha Moreira e Vania Leal, profissionais reconhecidos no cenário das artes visuais.
Nesta edição, o Salão contou com R$ 70 mil reais para premiação em três categorias – Mostra Nacional (três prêmios de R$ 10 mil), Fomento à Produção Anapolina (quatro prêmios de R$ 2.500,00) e Artista Convidado (um prêmio de R$ 10 mil) – e R$ 1 mil para cada um dos 20 artistas selecionados (confira o nome de todos os participantes da mostra no final do texto).
Na Categoria Fomento à Produção Anapolina, os artistas selecionados e premiados foram Ana Paula Faria, Diego Oliveira, Joardo Filho e Rei Souza. O curador do Salão Anapolino, Paulo Henrique Silva, destaca que esta categoria, criada nesta edição, vem como estímulo aos jovens talentos da cidade. O Prêmio Artista Convidado, desta vez, à Siron Franco.
Com aporte financeiro do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás, o Salão Anapolino é uma realização da Prefeitura de Anápolis/Secretaria Municipal Integração Social, Esporte e Cultura e Associação dos Amigos da Galeria de Artes Antônio Sibasolly.
Premiação e programação final
A divulgação dos premiados, nas edições anteriores, se dava em evento de lançamento da mostra, na Galeria Antônio Sibasolly, em Anápolis, sempre com a presença de muitos convidados, explica o curador Paulo Henrique Silva. Com a expectativa de que esse momento pudesse acontecer no início deste ano, adiou-se a premiação para a abertura da exposição no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CC UFG), para onde seguiram os trabalhos após quatro meses em exibição na Galeria Antônio Sibasolly.
Porém, também não será possível a realização de evento com presença de público porque a instituição permanece fechada como medida de prevenção à Covid-19, e optou-se por uma programação virtual. Neste cenário, a premiação antecipa-se em apenas alguns dias às atividades preparadas para finalizar o 25º Salão Anapolino. A programação de encerramento começa no dia 25 em live com os três premiados e se encerra em 29 de maio, com lançamento do catálogo que reúne todas os trabalhos apresentados.
Reconhecimento
Lançada no ano passado, a categoria Prêmio Artista Convidado apresenta, nesta edição, o goiano Siron Franco. Esta iniciativa vem em reconhecimento à importante contribuição dos artistas goianos na projeção da arte contemporânea local em âmbito nacional e internacional. E, em contrapartida, é um mecanismo para enriquecer o acervo do Museu de Artes Plásticas de Anápolis (Mapa) com a aquisição de obras de expressiva importância artística e histórica, afirma o coordenador da Galeria Antônio Sibasolly e curador do Salão Anapolino, Paulo Henrique Silva.
Artistas participantes da mostra
Categoria Mostra Nacional: Agrippina R. Manhattan – RJ; Aline Brune – BA; Aline Luppi Grossi – PR; Ana Sabiá – SC; Diambe – RJ, Eneida Sanches – SP; Erinaldo Cirino – PA; Estevão Parreiras – GO; Gê Viana – MA, João Trevisan – DF; Luiz 83 – SP; Pamella Anderson – DF; Renan Teles – SP, Renata Felinto – CE, Rodrigo D’ Alcantra – DF; Sophia Pinheiro – GO; Ueliton Santana – AC; Vic Macedo – RS; Xadalu Tupã Jekupé – RS, e Ziel Karapotó – PE.
Artistas premiados
Eneida Sanches
Com ênfase na gravura em metal, a partir da qual elabora objetos, wearables e instalações, a produção de Eneida Sanches articula-se sobre a escolha emblemática do conceito de transe como fenômeno religioso e social de representação coletiva das especificidades da cultura afro-baiana e suas imanências históricas. Seu repertório iconográfico origina-se no universo dos rituais do candomblé e suas ordens funcionais.
Para a artista, a mitologia iorubá aborda características inerentes da natureza humana, como autonomia e responsabilidade, trazendo à tona conceitos que extrapolam experiência puramente religiosa. Estas questões mais tarde evoluiriam na direção de uma pesquisa artística mais focada em África contemporânea: “filosofia e conceitos africanos, especificamente tradições iorubás, são a fonte de onde a minha produção brota”, diz a artista.
Renata Felinto
Os trabalhos de Renata Felinto se fundamentam na questão da identidade negra e, por meio de diferentes linguagens, questionam construções estéticas e culturais.
A arte produzida por mulheres e homens de ascendência negro-africana tem sido o tema principal de sua pesquisa acadêmica com ênfase no fazer feminino e nas narrativas sobre essas pessoas criativas-criadoras. A pesquisa acadêmica reverbera de muitas formas em sua produção de artes visuais.
Artista visual, pesquisadora, educadora, escritora, performer e ilustradora, Renata se dedica à pesquisa e às reflexões sobre as tentativas e possibilidades de intervenção social no mundo a partir da arte e da educação.
Xadalu Tupã Jekupé
Xadalu Tupã Jekupé é um artista mestiço que usa elementos da serigrafia, pintura, fotografia e objetos para abordar em forma de arte urbana o tensionamento entre a cultura indígena e ocidental nas cidades.
Sua obra, resultado das vivências nas aldeias e das conversas com sábios em volta da fogueira, tornou-se um dos recursos mais potentes das artes visuais contra o apagamento da cultura indígena no Rio Grande do Sul.
O diálogo e a integração com a comunidade Guarani Mbyá permitiram ao artista o resgate e reconhecimento da própria ancestralidade. Nascido em Alegrete, Xadalu tem origem ligada aos indígenas que historicamente habitavam as margens do Rio Ibirapuitã.
Fonte: Secom – Prefeitura de Anápolis