Nos últimos meses, os ovos, considerados uma opção mais acessível às proteínas de origem animal, sofreram um aumento expressivo de preço em Anápolis. Segundo dados do Procon municipal, a variação foi de até 55% entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025, tornando a compra do produto mais onerosa para as famílias da cidade.
Com o aumento dos preços da carne, muitos consumidores recorreram aos ovos como alternativa para manter a proteína no prato. No entanto, essa solução tem se tornado cada vez menos viável diante da inflação do produto. Em fevereiro de 2025, a cartela com 30 ovos brancos chegou a custar, em média, R$ 29,19, um aumento significativo em relação aos R$ 18,89 registrados em novembro de 2024. Já a cartela com 30 ovos vermelhos passou de R$ 22,99 para R$ 33,09, alta de 44%.
A pesquisa do Procon de Anápolis também revelou que os preços podem variar bastante entre os estabelecimentos da cidade. Enquanto a dúzia de ovos brancos foi encontrada por valores entre R$ 10,19 e R$ 11,99, a dúzia de ovos vermelhos variou entre R$ 11,59 e R$ 12,99. Já a cartela com 30 ovos vermelhos apresentou uma diferença de 44% entre o menor e o maior preço registrado.
O que explica a alta?
Segundo informações fornecidas pela CNN Brasil, os preços dos ovos estão sendo pressionados por um conjunto de fatores que influenciam tanto a oferta quanto a demanda. Desde meados de 2024, o encarecimento das carnes, principalmente a bovina, impactou o mercado de outras proteínas, incluindo os ovos.
O aumento no preço da carne se deve ao crescimento da demanda interna, impulsionado pela elevação do PIB e da renda dos brasileiros. Além disso, a desvalorização do real tornou os produtos agropecuários mais competitivos no exterior, estimulando as exportações e reduzindo a oferta no mercado interno. Como consequência, consumidores passaram a buscar alternativas mais acessíveis, como os ovos.
Nos últimos meses, além da demanda crescente, fatores climáticos e sanitários agravaram o cenário, dificultando a produção e restringindo a oferta. Produtores relatam que o calor intenso reduziu a produtividade das granjas, elevando os custos de produção. Paralelamente, um surto de gripe aviária nos Estados Unidos resultou no abate de mais de 40 milhões de aves, diminuindo a oferta global e pressionando ainda mais os preços.
Com a oferta reduzida e a demanda em alta, os preços dos ovos dispararam, criando um cenário de encarecimento para os consumidores. Segundo Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, a recuperação da produção dependerá da normalização das condições climáticas no Brasil e do controle da gripe aviária no mercado internacional. “Não é tão esperado que os preços baixem de forma muito acentuada. Sempre quando há uma alta abrupta, dificilmente os preços retornam ao patamar anterior. O mais provável é que haja uma acomodação gradual em um nível mais alto do que o registrado no ano passado, ao longo de aproximadamente seis meses”, explicou.
O economista Sergio Vale também acredita que os preços ainda devem levar um tempo para se ajustar. “Os preços das carnes só agora começam a desacelerar, e isso contribuiu para a alta dos ovos, somado à sazonalidade da Páscoa. A tendência é de melhora a partir de abril, desde que a gripe aviária continue sob controle”, afirmou.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) reforçou que a pressão sobre os preços deve continuar nos próximos meses, mas espera-se uma normalização após a Páscoa, em 17 de abril. “Após um longo período de preços em baixa, a comercialização de ovos foi impulsionada pela demanda sazonal, com a substituição da carne vermelha por proteínas brancas e ovos”, afirmou a ABPA em nota oficial.
Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou preocupação com o preço dos ovos. ‘É um absurdo que a caixa com 30 ovos esteja custando R$ 40 em algumas cidades. Precisamos discutir com os empresários para ver o que pode ser feito’, declarou Lula em entrevista à rádio Tupi do Rio de Janeiro. Ele também afirmou que os preços da carne devem cair gradativamente: ‘Podem ter certeza de que vamos trazer os preços para baixo’, garantiu.
FONTE: DM Anápolis
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