O preço do arroz, que é um dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros, subiu 28,47% em 12 meses, de fevereiro de 2023 a janeiro de 2024, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa foi a maior inflação do produto desde o período de 12 meses terminado em agosto de 2021, quando o aumento foi de 32,68%. O valor do pacote de arroz chegou a R$ 8 em Natal, onde a reportagem pesquisou os preços. O economista Robespierre do Ó diz que a alta é causada por fatores climáticos que prejudicam a safra, entre outras razões. Ele prevê que o arroz só vai ficar mais barato no segundo semestre deste ano.
O economista explica que o El Niño afeta a produção do arroz e faz o preço subir. Além disso, a pandemia de covid-19 reduziu os estoques do produto no mundo todo e aumentou a demanda. “Os países estão comprando mais arroz e isso faz o preço subir. Também tem a questão do clima – no Brasil, as regiões produtoras estão sofrendo com chuva demais no Sul ou chuva de menos no Nordeste”, diz o economista.
Ele afirma que o preço só vai melhorar com a nova safra, no segundo semestre de 2024. “Até lá, vamos continuar sofrendo com o problema do arroz caro. Só vamos sentir um alívio no segundo semestre”, diz. O economista destaca que a inflação do arroz afeta mais os pobres, que dependem do produto para se alimentar.
“Quanto menor a renda das famílias, mais eles sentem o peso de qualquer item da cesta básica. Então, esse grupo de pessoas é o mais prejudicado com o arroz caro”, diz. O presidente da Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn), Gilvan Mikelyson, diz que o consumo de arroz não muda muito, porque é um produto básico na mesa dos brasileiros, mas que o aumento afeta o bolso de todos.
“Todo aumento impacta no consumo e o arroz vem subindo constantemente desde antes de 2023. O problema é que é um produto difícil de substituir na alimentação dos brasileiros, então não tem como buscar uma alternativa. Infelizmente, o consumidor tem que aguentar o aumento e pagar mais caro”, diz Gilvan Mikelyson. A recepcionista Kalina Brito foi a um supermercado no Alecrim, na zona Leste de Natal, e não comprou o arroz.
“Desta vez eu não vou levar. A marca que eu gosto está em falta”, diz. “Mas não tem como tirar o arroz do prato, porque meu pai ama. Agora, esses aumentos que estão acontecendo, são um absurdo”, reclama a recepcionista. A comerciante Laize Cristina também não levou o arroz. Ela compra para revender e achou o preço da marca mais vendida muito alto. “Não compensa levar. Os clientes reclamam muito”, diz.
“Ultimamente eu não tenho vendido arroz, porque ninguém quer comprar. Está tudo muito caro. Para revender, o preço fica acima dos R$ 9”, diz. Já Aluízio Irineu, que é policial aposentado, aproveitou a promoção e levou o arroz. “Vou levar o pacote por R$ 5,79, na promoção. Aqui está mais barato do que em outros supermercados, pelo que eu pesquisei. Então, é bom aproveitar”, diz Aluízio.