Apesar de enfrentar uma grave crise fiscal, o prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL), tem conduzido uma reestruturação administrativa arrojada e consistente. Desde o início do mandato, ao herdar um passivo que ultrapassa R$ 1,7 bilhão, Corrêa adotou uma postura firme e estratégica. Como resultado, ele afirma que, em apenas seis meses, sua gestão já entregou mais obras e serviços do que as duas administrações anteriores somadas.

Em entrevista concedida ao Jornal Opção, o prefeito detalhou as principais estratégias adotadas para enfrentar esse cenário adverso. Ao longo da conversa, abordou ações nas áreas de saúde, educação, infraestrutura e habitação — todas tratadas como prioridades para garantir qualidade de vida à população e retomar a capacidade de investimento do município.
Déficit de vagas e escolas sucateadas
Segundo o prefeito Márcio Corrêa, a situação encontrada nas escolas da rede municipal era, sem exagero, alarmante. Ao assumir a gestão, ele se deparou, logo nos primeiros dias, com um déficit preocupante de quase 5 mil vagas na educação infantil. Diante desse cenário desafiador, a prefeitura adotou, de forma imediata, um conjunto de ações emergenciais aliado a um planejamento estratégico consistente. Como resultado, já foi possível abrir 2 mil novas vagas nesse segmento, que é considerado uma das maiores prioridades do município, por se tratar de uma atribuição direta da esfera municipal.
Paralelamente a essa ampliação, a administração também atuou na recomposição do quadro de pessoal. Para isso, convocou professores do cadastro de reserva e, simultaneamente, realizou um processo seletivo que permitiu a contratação de 500 cuidadores — medida essencial para garantir o suporte necessário diante do crescimento da demanda. Dessa maneira, a gestão demonstra um esforço integrado para reestruturar a educação básica desde suas bases, priorizando tanto o acesso quanto a qualidade do atendimento oferecido às crianças e suas famílias.
Paralelamente, Corrêa ressalta que a infraestrutura das unidades escolares se encontrava em estado crítico. Diante disso, a prefeitura organizou uma força-tarefa voltada à reestruturação física das escolas, garantindo, assim, um ambiente mais digno e funcional tanto para os alunos quanto para os profissionais da educação. Ao mesmo tempo, a gestão aproveitou o momento para revisar e reformular o modelo de fornecimento da merenda escolar, promovendo melhorias significativas na qualidade das refeições oferecidas aos estudantes.
Alimentação escolar virou prioridade
Márcio Corrêa não poupa críticas ao cenário da alimentação escolar herdado da gestão anterior. Segundo ele, a situação era degradante: “Serviam apenas peta com chá de canela. Isso era inaceitável”, declarou. Diante dessa realidade, a atual administração decidiu agir rapidamente. Por meio da criação do programa Merenda Nota 10, a prefeitura promoveu uma transformação profunda no sistema de alimentação das escolas municipais.
Como primeiro passo, todas as cozinhas foram reformadas e reequipadas, garantindo condições adequadas para o preparo das refeições. Além disso, a gestão passou a priorizar a qualidade nutricional dos alimentos oferecidos. Hoje, graças à nova estrutura implantada, os estudantes dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e das escolas de tempo integral recebem quatro refeições por dia — incluindo o jantar, o que antes era inexistente.
Na avaliação do prefeito, essa mudança vai além da alimentação: “Alimentação adequada é pré-requisito para o aprendizado”, destaca. Para ele, garantir refeições completas e equilibradas é parte essencial de uma política educacional séria e inclusiva.
Dívida gigantesca e desperdício de recursos
Corrêa assumiu uma cidade profundamente endividada e, segundo ele, os desafios fiscais herdados exigiram medidas duras desde o primeiro dia de gestão. Conforme explicou, a prefeitura inicia todos os meses com uma dívida de curto prazo que gira em torno de R$ 20 milhões, o que compromete boa parte da capacidade de investimento imediato do município.
Para piorar, de acordo com o prefeito, a gestão anterior retirou R$ 100 milhões do Instituto de Seguridade Social dos servidores municipais, deixando um rombo que hoje exige da atual administração o repasse mensal de R$ 5 milhões apenas para garantir o pagamento de aposentadorias. Além disso, Corrêa apontou diversos gastos considerados sem critério e sem retorno prático para a população. Como exemplo, citou a compra de softwares no valor de R$ 600 mil que, segundo ele, “não tinham nenhuma utilidade”, além da aquisição de R$ 15 milhões em livros que continuam estocados, sem uso.
Diante desse cenário de desperdício e desorganização, o prefeito decidiu adotar uma postura mais austera. Para isso, cortou regalias administrativas e redirecionou os recursos públicos para áreas que oferecem retorno direto à população. Assim, por meio de uma gestão mais responsável e focada em resultados concretos, Corrêa afirma estar construindo as bases para um novo ciclo de crescimento sustentável em Anápolis.
Parcerias estratégicas para enfrentar a crise
Para evitar novos empréstimos, a gestão aposta em parcerias. “Contamos com apoio de deputados e do governo estadual. O deputado Amilton Filho (MDB) foi essencial para destravar obras como o Anel Viário e o Aeroporto de Cargas.” Corrêa afirma que Anápolis apresentou R$ 716 milhões em projetos ao PAC, sendo R$ 300 milhões somente para drenagem urbana.
Reestruturação da saúde pública
A saúde, considerada o maior problema da cidade, recebeu uma atenção especial e imediata da gestão municipal. Em apenas quatro meses, a prefeitura não só conseguiu reduzir custos em R$ 60 milhões, como também ampliou significativamente o número de atendimentos oferecidos à população. Por exemplo, a unidade Alfredo Abrahão, que antes estava completamente parada, já realizou mais de 100 mil procedimentos. Da mesma forma, a Vila Jaiara, que antes não oferecia atendimento, registrou mais de 40 mil atendimentos nesse mesmo período.
Além disso, o prefeito destacou a implementação do programa conhecido como “corujão dos exames”, que foi possível graças a uma emenda parlamentar do deputado Amilton Filho. Este programa tem sido fundamental para acelerar a realização de exames eletivos, reduzindo filas e oferecendo um atendimento mais eficiente.
Ainda em primeira mão, o prefeito anunciou a inauguração do primeiro Centro de Diagnóstico e Imagem 24 horas de Anápolis. Essa nova unidade vai oferecer exames de alta demanda, como ressonância magnética e ultrassonografia, garantindo mais rapidez e qualidade no atendimento à população.
Assim, por meio dessas ações integradas, a prefeitura tem buscado não apenas sanar os problemas históricos da saúde, mas também construir uma rede mais eficiente e acessível para todos os anapolinos.

Hospital Georges Hajjar será, enfim, entregue à população
Márcio Corrêa foi enfático ao classificar como “criminosa” a entrega simbólica do Hospital Georges Hajjar feita pela gestão anterior. Segundo ele, a estrutura estava longe de estar pronta. “Faltavam até tubulações de oxigênio e rampa de acesso”, afirmou. No entanto, depois de um amplo processo de adequações estruturais, a atual gestão se prepara para entregar o hospital em pleno funcionamento já na próxima semana.
Importante destacar que toda a obra foi executada com recursos próprios do município, sem depender de repasses estaduais ou federais. Dessa forma, o novo hospital representa não apenas um avanço na área da saúde, mas também um exemplo de gestão responsável e focada em resultados concretos.
Ponte estaiada: obra milionária sem funcionalidade
Além disso, o prefeito também fez duras críticas à ponte estaiada, um projeto iniciado em governos anteriores. Segundo ele, sua conclusão demandaria mais R$ 90 milhões, valor considerado inviável diante do atual cenário fiscal. “A obra já consumiu R$ 130 milhões e apenas 30% foi concluída. Hoje, construir uma ponte tradicional custaria cerca de um terço desse valor”, destacou.
Diante disso, Corrêa defende que é preciso priorizar o que realmente impacta a vida da população. Para ele, direcionar recursos para demandas mais urgentes, como saúde, infraestrutura básica e habitação, faz mais sentido neste momento. “A população entende que há outras prioridades, e é isso que estamos fazendo”, reforçou.
Obras com maquinário próprio garantem economia de R$ 65 milhões
Anteriormente, a prefeitura de Anápolis desembolsava cerca de R$ 65 milhões apenas com o aluguel de máquinas para execução de obras. No entanto, graças a articulações políticas e parcerias com senadores, como Vanderlan Cardoso (PSD), a gestão atual conseguiu equipar a cidade com maquinário próprio.
Com isso, a cidade ganhou autonomia para executar obras de forma mais rápida, econômica e eficiente. Segundo Corrêa, essa mudança permitiu avanços que, segundo ele, superam o que foi feito nos últimos oito anos. “Com recursos próprios e equipe técnica da prefeitura, conseguimos entregar mais em seis meses do que em dois mandatos anteriores”, afirmou.
Exemplos desse novo modelo são os programas Pavimentação de Ponta a Ponta, que irá atender 50 bairros que ainda não possuem asfalto, e o Escritura Cidadã, que já garantiu a regularização fundiária de mais de 500 imóveis. Ambos os projetos, segundo o prefeito, demonstram a capacidade do município de atuar com gestão própria e controle de gastos.
Habitação popular: 10 mil moradias com o programa “Construindo Sonhos”
Outro destaque da atual administração é o programa habitacional Construindo Sonhos, que tem como meta entregar 10 mil moradias populares à população de baixa renda. De acordo com Corrêa, 4 mil dessas unidades já estão em processo de chamamento público.
O prefeito explica que há uma parcela significativa da população que não consegue acessar o programa federal Minha Casa, Minha Vida, seja por falta de entrada ou renda compatível. Por isso, o município vai oferecer apoio na forma de infraestrutura e cessão de áreas públicas para garantir a viabilidade do projeto. Além disso, ele prevê que o programa movimentará cerca de R$ 2 bilhões na economia local e será responsável por gerar milhares de empregos no setor da construção civil. “É uma ação que une inclusão social e desenvolvimento econômico”, pontuou.

Tecnologia e gestão pública avançam com o Conecta Anápolis
Ao mesmo tempo em que investe em obras estruturantes, a prefeitura tem apostado na modernização da gestão pública. Com o lançamento do aplicativo Conecta Anápolis, a administração municipal passou a oferecer, de maneira centralizada, serviços como consulta de IPTU, solicitação de vagas em creches, agendamento de vacinação, acompanhamento escolar, tapa-buracos, entre outros.
Segundo Corrêa, o maior diferencial da plataforma está na entrega de dados em tempo real. Isso permite que os gestores tomem decisões de forma mais ágil e precisa. “A tecnologia não é só para facilitar o acesso da população. Ela também nos ajuda a governar melhor, com base em informações concretas sobre o que está funcionando e o que precisa melhorar”, afirmou.
Visão de futuro: transformar Anápolis em uma cidade de oportunidades reais
Quando questionado sobre o legado que deseja deixar, Márcio Corrêa foi direto: ele quer que Anápolis se torne uma cidade de oportunidades reais para todos. Para isso, uma das principais metas é preparar a população para o novo mercado de trabalho. “Sem qualificação, o cidadão não consegue acessar salários melhores nem sair do ciclo da pobreza”, declarou.
Por isso, a gestão já implantou programas de capacitação profissional e está trabalhando para reduzir a burocracia no processo de abertura de empresas. De acordo com o prefeito, a meta é criar um ambiente mais simples, ágil e transparente para quem deseja empreender. “O investidor precisa de segurança jurídica e rapidez. É isso que estamos construindo”, destacou.
Política nacional: apoio a Bolsonaro e críticas ao Judiciário
Na entrevista, Márcio Corrêa também foi questionado sobre o cenário político nacional. Ao comentar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, o prefeito demonstrou indignação e fez críticas ao Judiciário. “Vejo isso como uma perseguição política. Não houve provas de autoria direta nos eventos de 8 de janeiro. Essa postura fere a democracia e abala a confiança da população nas instituições”, afirmou.
Parceria com o Estado: elogios à iniciativa de Ronaldo Caiado
Por fim, o prefeito elogiou a decisão do governador Ronaldo Caiado de lançar uma linha de crédito emergencial para exportadores goianos, especialmente os afetados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. Para Corrêa, a medida é acertada e mostra sensibilidade diante das dificuldades enfrentadas pelo setor produtivo.
“É uma ação concreta que reforça a parceria entre o Estado e os municípios. Quando governo estadual e prefeitura atuam de forma conjunta, quem ganha é a população e a economia local”, concluiu.
Fonte: Redação
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