Bolsonaro sob tornozeleira: o que a PF encontrou e por que isso

Entrada de um prédio moderno, identificado como sede do Partido Liberal, onde agentes realizaram buscas autorizadas pelo STF.

A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira (18/7), tanto na residência dele quanto na sede do Partido Liberal, em Brasília. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a operação, que integra uma ação sigilosa iniciada no último dia 11 de julho.

Entrada de um prédio moderno, identificado como sede do Partido Liberal, onde agentes realizaram buscas autorizadas pelo STF.
Mandados da PF incluíram buscas na sede do Partido Liberal, partido de Bolsonaro.

O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara dos Deputados, confirmou a operação. Em nota, a Polícia Federal detalhou que, além de cumprir dois mandados de busca, também impôs medidas cautelares no lugar da prisão. Entre as restrições, incluiu o uso de tornozeleira eletrônica, o recolhimento noturno, a proibição de usar redes sociais, de manter contato com embaixadores e aliados, além de se aproximar de embaixadas.

Operação sigilosa encontra dólares na casa do ex-presidente

Segundo apurações da GloboNews e da CNN Brasil, os agentes da Polícia Federal encontraram cerca de US$ 10 mil em espécie na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro. O processo corre em sigilo. Ainda assim, há indícios de que a operação tenha relação com uma possível citação feita por Donald Trump. O ex-presidente dos Estados Unidos mencionou Bolsonaro pouco antes da ação ser aberta no STF. Dois dias antes, Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A medida gerou impactos diplomáticos e econômicos, além de reacender tensões no cenário político.

Na véspera da operação, Bolsonaro declarou publicamente que, caso a Polícia Federal devolvesse seu passaporte, ele estaria disposto a negociar diretamente com Donald Trump. No entanto, a Polícia Federal mantém o documento retido desde fevereiro de 2024, como parte de outro processo que ainda está em andamento. Por isso, a declaração ganhou ainda mais repercussão, ainda mais diante do contexto da nova investigação.

Deputado critica operação e fala em tentativa de silenciamento

Pouco depois da ação, Sóstenes Cavalcante usou as redes sociais para criticar duramente as medidas tomadas contra Bolsonaro. Na publicação, o deputado afirmou que não existe crime nem provas, e que a operação representa, na verdade, uma tentativa clara de censura

Ele escreveu: “Enquanto corruptos são soltos, um ex-presidente enfrenta vigilância como se fosse bandido. Porém, quem usa a verdade como escudo não teme a mentira de toga.” Além disso, afirmou que o povo permanece atento ao que ele chama de perseguição política: “A história está anotando tudo, e o povo também.”

Bolsonaro diz que não há provas e aponta para perseguição

Durante uma entrevista coletiva no Senado, Bolsonaro voltou a se defender das acusações sobre a tentativa de golpe de Estado. Ele afirmou que ninguém apresentou provas concretas contra ele e ressaltou que nem sequer estava no Brasil durante os atos de 8 de janeiro de 2023.

“Eu não preciso provar que sou inocente. Eles é que têm que provar que sou culpado. Tudo são suposições”, declarou Bolsonaro. Ele também afirmou que o processo representa uma injustiça contra ele e contra os apoiadores e aliados que continuam presos. “Ninguém tentou dar um golpe. Eu estava nos Estados Unidos. Não existe nenhum ‘zap’ meu, nenhuma mensagem sobre o 8 de janeiro”, reforçou.

Julgamento pode ter impacto direto no futuro político de Bolsonaro

A Procuradoria-Geral da República, atualmente sob o comando de Paulo Gonet, já solicitou, por sua vez, ao Supremo Tribunal Federal a condenação de Jair Bolsonaro a mais de 40 anos de prisão. O ex-presidente, embora ainda mantenha uma forte base de apoio popular, passa agora a enfrentar novas restrições judiciais, que podem, portanto, afetar de maneira direta sua atuação política e também sua visibilidade pública nos próximos meses.

Enquanto isso, o cenário político nacional segue fortemente polarizado. A operação realizada nesta sexta-feira gerou novos desdobramentos e alimentou ainda mais a intensa disputa entre bolsonaristas e opositores. Nesse contexto, o episódio reacende o debate sobre liberdade de expressão, suposta perseguição política e, sobretudo, os limites da atuação do Judiciário no Brasil

Fonte: Redação

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