Quem passa pela BR-153, próximo ao trevo para Goianápolis, em Goiás, dificilmente não nota a estrutura de toboáguas que se estendem por vários metros de altura, ao lado de onde hoje fica um posto de pedágio na rodovia. Mesmo em poucos segundos de atenção, é possível identificar que aquilo é algum tipo de construção abandonada, no caso, um parque aquático.
Trata-se do Acquamania, que começou a ser construído em 1993, mas nunca foi inaugurado. Impactos ambientais, uma morte trágica, briga entre sócios e milhares de pessoas no prejuízo: esses são alguns dos motivos que se escondem atrás das ruínas do parque aquático localizado na Região Metropolitana de Goiânia.
Sonho em ruínas
O lançamento das obras do Acquamania veio acompanhado de propagandas na televisão. O lema era “diversão sadia para a sua família”, em um “complexo recreativo de última geração, inspirado nos mais modernos parques mundiais”.
Além de uma grande piscina de ondas, o destaque do empreendimento seria o Polivalente Tower – um tobogã gigante, dividido em quatro partes: o Tube, com duas pistas juntas, em forma de trança; o Kamikaze, em queda livre; o Free Wave; e o Hidromania.
Também haveria o tobogã chamado Triângulo das Bermudas e uma terceira estrutura, reservada para boias individuais. Um shopping aéreo e um hotel estavam nos planos, segundo um ex-dono do empreendimento.
Obras embargadas e tragédia
A expectativa com o novo parque aquático foi abalada logo no começo. As obras de Goianápolis ficaram paralisadas durante 12 meses, até julho de 1994, por embargos ambientais. Havia uma preocupação com uma possível poluição do córrego Souzinha, responsável pelo abastecimento de água de Goianápolis.
Em fevereiro de 1998, o principal sócio do parque, João Augusto Naves, sofreu um grave acidente em uma rodovia entre Minas Gerais e Goiás. Ele passou alguns dias hospitalizado e faleceu, deixando a administração das obras para sua viúva, Luciana do Carmo.
Brigas judiciais e declínio
A viúva tornou-se administradora das obras, mas teve desentendimentos com Ricardo Mendes, o vice-presidente do Acquamania, que deixou a sociedade após uma briga judicial. Mais de 20 anos depois, Ricardo afirma que teria conseguido concluir o parque, caso tivesse permanecido à frente do projeto.
Sem condições de conclusão, a área do Acquamania foi leiloada em 2007 por R$ 350 mil. O valor arrecadado foi usado para pagar dívidas com os sócios. No Fórum de Goianápolis, há pelo menos 57 processos de pessoas que entraram na Justiça para receber o dinheiro investido.
Uma história de prejuízo e lembranças difíceis
Luciana do Carmo reconhece o sofrimento dos associados e nega má-fé na condução do empreendimento. O parque, que um dia prometeu diversão e crescimento econômico para Goianápolis, se transformou em um símbolo de sonhos não realizados e milhares de prejuízos.
FONTE: Metrópoles
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