Uma jornada de trabalho de seis horas flexíveis por dia pode ser o sonho de muita gente, mas para os profissionais da Finlândia esse modelo já é realidade. O país é referência no mundo quando o assunto é conciliar bons níveis de trabalho com qualidade de vida. Tanto que, segundo o Relatório Mundial da Felicidade, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Finlândia é o local mais feliz do mundo.A rotina exaustiva de ficar até tarde no escritório, com a qual a maioria dos brasileiros está acostumada, não é comum no país. Por lá, adota-se a jornada reduzida e a flexibilização nos horários.
De acordo com estudos da consultoria Grant Thornton, a Finlândia oferece os horários mais flexíveis do planeta. 92% das empresas finlandesas permitem essa escolha, seguido do Reino Unido e Estados Unidos (76%), Rússia (50%) e Japão (18%), segundo a pesquisa. O brasileiro Cláudio Lins, 42 anos, é natural de Recife e vive há 10 anos na Finlândia, experimentando esse diferente estilo de vida. Profissional de tecnologia especializado em jogos, Cláudio conta que a rotina no país nórdico é mais saudável do que a vivida por ele no Brasil. “Os finlandeses separam muito bem trabalho e vida pessoal.
Isso acaba afetando muito a qualidade de vida. No Brasil, é bem diferente. Estamos acostumados a trabalhar muito e vivemos nossa vida apenas aos fins de semana, e olhe lá”, conta. Cláudio afirma que uma das principais diferenças entre os dois país, no que diz respeito ao trabalho, é que, aqui, tem-se o costume de trabalhar mais horas do que aquelas acordadas com o empregador. “Eu estava muito acostumado a trabalhar entre 10 e 12 horas por dia no Brasil, o que não é normal, mas faz parte da nossa cultura. Aqui, (após o horário) você se desconecta do trabalho”, compara. Para ele, a rotina flexível dos profissionais, chamada de Work-Life Balance, é o que explica a felicidade finlandesa. “Eu acho que o fato de você sair do trabalho e ter um final de semana para você e não estar esperando alguma mensagem do trabalho é o que faz a maior diferença. Aqui as pessoas vivem a vida, curtem a família, aproveitam para ter seus hobbies. O trabalho não é o centro de tudo”, explica.
Oportunidades
O finlandês Markus Vahtola, 38, que vive no Brasil, acredita que seu país natal oferece possibilidades aos brasileiros que queiram mudar o estilo de vida. Para ele, o grande diferencial é o portfólio profissional que o candidato deve construir. “É constante a necessidade de talentos. As empresas estão sempre dispostas a ajudar com realocação e dão esse apoio para sua família inteira se mudar”, explica. Há 10 anos em terras brasileiras, atuando na área de tecnologia para uma empresa da Finlândia, Markus enxerga os serviços de seu país como complementares aos daqui. “Os brasileiros possuem facilidade de fazer as conexões e trabalham muito bem com peças de várias áreas.
São muito inovadores, conseguindo solucionar problemas”, elogia. A opinião é compartilhada por Kleber Carrilho, 45, natural de São Paulo. Ele vive há um ano na Finlândia, onde trabalha como pesquisador em ciência política na Universidade de Helsinque. Para ele, o país vive um momento de abertura para mão de obra estrangeira. “Existem oportunidades disponíveis não apenas na tecnologia, mas também na área acadêmica”, pontua. Os desafios também existem. Na visão de Carrilho, o brasileiro que optar por viver no país nórdico com dimensão e população muito próximas à do Maranhão, cerca de 5,5 milhões de habitantes, terá de se acostumar com a língua e já chegar ao país com uma vaga de trabalho.
Oportunidades de emprego por lá são constantemente divulgadas no site www.workinfinland.com/en/ e o acesso ao endereço eletrônico, junto à formatação do portfólio, pode ser o pontapé para aqueles que se interessem pela vida na Finlândia.