Em “Mães Paralelas”, a marca registrada de Almodóvar é tecida de maneira tão sutil e precisa que cada sequência parece fluir organicamente,
refletindo os dilemas humanos com uma clareza rara. Dissecando o sofrimento e os desafios de duas mulheres interligadas, ele ressalta temas universais de direitos e autonomia feminina. Sua trajetória cinematográfica demonstra uma capacidade notável de iluminar dramas comuns com um toque universal, e aqui ele nos presenteia com uma narrativa temperada com realismo e emoção genuína, algo que seus atores, e particularmente suas atrizes, elevam magistralmente.
Janis, interpretada por Cruz, vive a dualidade da modernidade: uma carreira acelerada como fotógrafa em Madrid e o crescente desejo de maternidade. Um encontro fortuito com Arturo, vivido por Israel Elejalde, desencadeia uma série de eventos que culminam na maternidade compartilhada com Ana, uma jovem mãe. Milena Smit, com sua abordagem quase casual para o papel, cria um contraponto interessante, estabelecendo uma dinâmica rica com Cruz. A forma como essas duas mulheres se cruzam, aparentemente por acaso, torna-se a chave para a evolução do enredo, proporcionando uma montanha-russa emocional que Almodóvar orquestra com habilidade.