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Keanu Reeves reprisa o papel de um implacável matador em mais um capítulo da famosa série de ação na Netflix. Em um mundo ideal, onde o equilíbrio entre o bem e o justo prevalecesse, figuras como John Wick talvez não fossem tão essenciais. No entanto, neste universo distorcido, o protagonista segue como uma peça-chave, operando sob as leis do caos, e sua presença se torna inevitável quando as regras que deveriam controlar o destino perdem qualquer significado.

No terceiro filme da franquia, “John Wick 3: Parabellum”, o diretor Chad Stahelski intensifica o mergulho na decadência moral de seu anti-herói, utilizando artifícios visuais que cativam até mesmo o espectador mais distraído. A fotografia de Dan Laustsen faz um jogo de luzes entre o real e o sombrio, ressaltando tanto a frieza de Nova York quanto o tormento interno de Wick. O roteiro, por sua vez, é afinado com essas imagens, sustentando as escolhas brutais do protagonista em meio a um cenário caótico.

Já próximo de sua queda, Wick busca refúgio e respostas em lugares improváveis. Sua jornada leva-o à Biblioteca Pública de Nova York, onde, ao invés de se interessar por antigas narrativas russas, ele procura algo mais prático e mortal escondido nas páginas de Afanásiev. O relógio avança implacável enquanto uma recompensa milionária pela sua cabeça transforma cada esquina em uma nova ameaça.

A ação da Netflix é intensa e estilizada desde o início. Reeves encena uma coreografia de violência, usando um livro como arma mortal, num dos momentos mais marcantes do filme. O personagem continua a surpreender com sua atenção aos detalhes, colocando de volta o livro ensanguentado na estante após usá-lo para derrotar um adversário, o que adiciona uma camada de ironia e finesse à brutalidade.

Dentro do icônico Hotel Continental, o único lugar seguro para assassinos, o misterioso Charon, interpretado por Lance Reddick, cuida do fiel cão de Wick enquanto ele encontra antigos aliados e inimigos. Em uma trama que atravessa fronteiras, Wick faz alianças frágeis e enfrenta velhos rivais, como Sofia, uma ex-assassina com laços complicados, e O Adjudicador, uma figura sombria que simboliza a justiça fria e implacável.

Com ecos de faroestes clássicos e uma atmosfera pós-apocalíptica, “Parabellum” evoca filmes como “Por um Punhado de Dólares” e “Os Imperdoáveis”. A saga de Wick, porém, ainda parece longe de um fim, sugerindo que sua batalha com o caos está longe de se resolver. No entanto, esticar uma narrativa até o ponto de ruptura pode se tornar arriscado, deixando no ar se futuras iterações da série na Netflix continuarão a cativar ou começarão a perder força.

Filme: John Wick 3: Parabellum

Direção: Chad Stahelski

Ano: 2019

Gêneros: Ação/Suspense

Nota: 9/10

FONTE: Revista bula 

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