As Sisters of the Valley, conhecidas internacionalmente como “freiras da cannabis”, completam dez anos de atuação no Vale de San Joaquin, na Califórnia, EUA. Além disso, formadas por mulheres de diferentes origens, elas combinam espiritualidade, ativismo e medicina natural, tornando-se símbolo de resistência diante da crise do mercado legal de maconha nos Estados Unidos. Portanto, cada ação delas conecta tradição e inovação de maneira única.

Fazendas e produção artesanal
Elas se vestem como freiras católicas e cultivam, processam e produzem cannabis em fazendas autossustentáveis, onde vivem, trabalham e rezam juntas. No entanto, apesar da aparência monástica, elas não pertencem a nenhuma ordem religiosa. Além disso, Christine Meeusen, fundadora conhecida como Sister Kate, explica que o hábito representa expressão política e espiritual, e não adoração à planta. Ou seja, a cannabis funciona como meio de sustento e conexão espiritual, e não como objeto de culto. Além disso, as freiras também utilizam sálvia branca, cúrcuma, gengibre e outras plantas em seus produtos terapêuticos, o que reforça a diversidade de sua abordagem medicinal e natural.
Expansão internacional e parcerias
Atualmente, o grupo opera duas fazendas: uma no condado de Merced, na Califórnia, e outra em fase inicial em Puebla, no México. Além disso, os produtos incluem pomadas, cápsulas, óleos e extratos com propriedades terapêuticas, sendo a pomada de CBD o carro-chefe. Além disso, nos últimos anos, elas expandiram sua atuação por meio de parcerias internacionais, e a mais recente foi firmada com a ONG brasileira Pangeia, que irá distribuir pomadas e óleos medicinais produzidos pelas freiras no Brasil. Dessa forma, a comunidade consegue unir espiritualidade, ativismo e impacto social em diferentes continentes.
Organização e filosofia do grupo
O grupo mantém uma estrutura disciplinada, composta por 12 freiras, três irmãos e cinco noviças. Entretanto, os homens são bem-vindos, mas não podem superar o número de mulheres nem deter a propriedade das terras. Além disso, as noviças passam por um processo de imersão espiritual antes de serem aceitas oficialmente, o que garante alinhamento com os valores do grupo. Elas seguem três princípios centrais: respeitar o calendário lunar, praticar a compaixão e acreditar no “místico e mágico do outro lado”. Além disso, a produção de novos lotes ocorre durante a lua nova, na cozinha principal chamada “abadia”, e os produtos recebem bênçãos criadas pelas próprias freiras. Assim, cada etapa do processo reflete cuidado, espiritualidade e atenção aos ciclos da natureza.
Origem do visual e significado simbólico
O hábito surgiu em 2011, quando Sister Kate participou do movimento Occupy vestida como freira em protesto irônico. Desde então, as vestes se tornaram símbolo de protesto, respeito à natureza e homenagem às mulheres que cultivavam suas próprias terras e cuidavam da comunidade. Além disso, elas utilizam o uniforme como insígnia e meditação, conectando-se aos ancestrais sagrados e reforçando a identidade da irmandade. Portanto, o visual não é apenas um adereço, mas uma declaração de princípios, história e ancestralidade.
Rituais e cerimônias
Durante a lua cheia, o grupo realiza cerimônias ao ar livre que incluem banquetes, discursos ativistas, cantorias e astrologia. Além disso, algumas freiras, como Sister Kate e Sister Alice, optam pelo celibato por escolha pessoal, embora não seja uma exigência para todas. Dessa forma, a comunidade consegue manter práticas espirituais ao mesmo tempo em que se adapta às necessidades e escolhas individuais de cada integrante.
Histórias de superação
Entre as integrantes, há trajetórias de superação e reencontro espiritual. Sister Sierra, de 57 anos, por exemplo, foi freira católica por mais de dez anos, mas deixou a ordem após sofrer abusos. Posteriormente, a cannabis entrou em sua vida como alternativa natural aos medicamentos para depressão e ansiedade. Além disso, ela relata que sempre teve interesse em remédios naturais, e a transição para o uso da cannabis foi uma progressão natural e consciente.
Reconhecimento e críticas
O documentário Breaking Habits retrata a história das freiras e ganhou destaque em festivais de cinema nos Estados Unidos. No entanto, Sister Kate avalia o resultado com reservas, afirmando que o filme a fez parecer muito “gângster”, algo que ela descreve de forma irônica. Apesar das críticas e polêmicas, as Sisters of the Valley seguem firmes em sua missão, unindo espiritualidade, ciência e empatia. Portanto, a cannabis para elas não funciona como dogma, mas sim como meio de sustento, conexão espiritual e ativismo responsável.
Fonte: Redação
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