Conhecido como um dos cineastas mais inovadores e inventivos da atualidade, Charlie Kaufman carrega um Oscar em seu currículo, de melhor roteiro original por “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, além de outras quatro indicações e inúmeras obras reconhecidas e aclamadas, como “Sinédoque, Nova York”, “Quero ser John Malkovich” e “Adaptação”.
Com uma linguagem complexa e profunda, os filmes que escreve e dirige nem sempre são populares e acessíveis, mas se distinguem por sua autenticidade e idiossincrasias. Kaufman é para apreciadores de seu estilo e ritmo de narrativa. Elas nem sempre são dinâmicas, mas podem ser não-lineares, psicodélicas, contemplativas, filosóficas e sempre psicológicas, porque estão a todo momento questionando ou desafiando as angústias, identidade, neuroses e percepções da mente.
Em “Estou Pensando em Acabar com Tudo”, Kaufman nos coloca dentro do labirinto mental de sua protagonista sem nome (Jessie Buckley), e nos faz questionar a todo momento quando as coisas estão acontecendo e se realmente estão acontecendo. Tudo começa quando ela aceita viajar com o namorado, Jake (Jesse Plemons), até a fazenda de sua família, onde ele pretende apresentá-la para seus pais. Embora ela tenha se sujeitado à situação, a protagonista tem dúvidas se realmente deseja permanecer em seu relacionamento, daí o título do filme.
A partir do momento em que entramos no carro com o casal, nos sentimos em uma jornada alucinante entre a realidade e a imaginação da jovem. O espectador, diante de tantos enigmas, tenta a todo momento solucioná-los. Mas devo adiantar, a conclusão da narrativa imodesta de Kaufman só traz ainda mais questionamentos.