Estudo analisa 280 garrafas de água e só 1 não tinha microplásticos

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Barcelona, na Espanha, analisou 280 amostras de água mineral de 20 marcas vendidas no país e encontrou microplásticos na grande maioria delas. Apenas uma amostra estava completamente livre dessas partículas.

A descoberta reforça as preocupações sobre a contaminação por plásticos na água engarrafada e seus possíveis efeitos na saúde humana.

Como o estudo foi realizado?

Os cientistas utilizaram exames químicos e de imagem para identificar partículas microscópicas de plástico na água. Foram detectadas partículas com tamanho entre 0,7 e 20 micrômetros – cerca de dez vezes menores do que um grão de areia.

Os resultados revelaram uma concentração média de 359 nanogramas de microplásticos por litro de água, número semelhante ao encontrado na água de torneira em estudos anteriores.

“Esse método é um grande avanço, pois conseguimos quantificar partículas de diferentes formatos e tamanhos extremamente pequenos, o que não é possível com outras técnicas”, explicou Marinella Farré, líder da pesquisa publicada na revista científica Chemosphere em 2024.

Impacto no consumo diário

Os pesquisadores estimam que, ao consumir 2 litros de água mineral por dia, uma pessoa ingere cerca de 262 microgramas de microplásticos por ano.

Se mantiver esse hábito ao longo da vida, em 40 anos, um indivíduo pode ter ingerido o equivalente a duas tampas de garrafa PET, apenas bebendo água engarrafada.

O problema da falta de regulamentação

Uma das principais preocupações levantadas pelo estudo é a ausência de limites internacionais para o consumo de micro e nanoplásticos na água.

“Um grande problema é que não temos padrões globais para definir a quantidade máxima segura de microplásticos na alimentação”, afirmou a pesquisadora Marta Llorca, coautora do estudo.

Entre as 280 amostras analisadas, apenas uma estava totalmente livre de partículas plásticas. O polímero mais detectado foi o PET (tereftalato de polietileno), presente em 33% das amostras.

Além dos plásticos: outros contaminantes preocupantes

Os pesquisadores também identificaram 28 aditivos químicos na água, incluindo plastificantes e estabilizadores usados na fabricação de garrafas PET.

A maioria das amostras continha concentrações desses compostos abaixo de 1 micrograma por litro, mas três substâncias chamaram a atenção pela potencial toxicidade:

Bis(2-etil-hexil) adipato

Bis(2-etil-hexil) ftalato

Outros plastificantes considerados nocivos à saúde humana

Esses compostos podem migrar das garrafas para a água e estão associados a riscos como desregulação hormonal, problemas metabólicos e efeitos no sistema reprodutivo.

Água engarrafada: realmente mais segura?

Para os cientistas, os resultados reforçam a necessidade de regulamentação mais rígida e de alternativas sustentáveis para o consumo de água potável.

“A água engarrafada muitas vezes é vista como uma opção mais segura, mas nossos dados mostram que ela pode conter tantos contaminantes quanto a água da torneira, com impactos tanto para a saúde quanto para o meio ambiente”, destacou Llorca.

O estudo alerta para a importância de limites regulatórios claros e mais pesquisas sobre os efeitos de longo prazo dos microplásticos no organismo humano.

FONTE: Metrópoles 

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