Geração Z leva pais em entrevista de emprego; recrutadores reclamam e dão dicas

Uma pesquisa realizada pela revista on-line universitária Intelligent revelou que cerca de 20% dos jovens recém-formados nos Estados Unidos estão comparecendo às entrevistas de emprego acompanhados de seus pais.

Esse comportamento, típico da geração Z, tem gerado críticas por parte dos gestores de contratação, que também apontam problemas como uso de roupas inadequadas (47%) e falta de habilidades de comunicação (52%).

Além disso, os jovens recém-formados têm enfrentado dificuldades em cumprir horários, lidar com a rotina estabelecida e gerenciar sua carga de trabalho, além de demonstrarem uma tendência a se ofenderem facilmente.

Esses desafios têm chamado a atenção das empresas, que buscam maneiras de lidar com essas questões e melhorar a integração dos jovens no ambiente de trabalho.

Jovem de 20 anos levou mãe e tia na entrevista

Andre Minucci, mentor de empresários e especialista em desenvolvimento profissional, relatou uma experiência surpreendente de uma jovem de 20 anos que levou sua mãe e sua tia na entrevista presencial, alegando que a tia possuía experiência no mercado de trabalho.

“Nos surpreendeu porque, chegamos para receber a participante, e ela apresentou a mãe e a tia perguntando se poderiam participar com ela”, contou.

“Com respeito e delicadeza, explicamos que não era permitido e que era uma vaga para pessoas sem experiência. A mãe ainda insistiu: ‘Eu não posso ir mesmo?’. A garota ficou um pouco relutante, mas acabou fazendo a entrevista.”

Recrutadora percebeu presença do pai em entrevista on-line

Patrícia Santos, fundadora da Empregue Afro, especialista em recursos humanos focada em equidade racial, relatou um caso marcante durante uma entrevista por videochamada:

“Lembro de ver a manga da camisa do pai da candidata aparecendo e a jovem olhando com frequência para que ele avaliasse as respostas. Dava para ouvir o pai falando do lado. Até a hora em que eu questionei: ‘Quem está aí do seu lado é seu pai?’”, conta.

“A menina disse ser o pai e ficou bastante constrangida. Ele apareceu na câmera e se apresentou, e eu falei que ficava feliz de que ele estivesse ali apoiando, mas que era importante que a filha conversasse comigo sozinha.”

Segundo a especialista, é um fenômeno recente de uma geração muito ligada à tecnologia que sofre dificuldade na interação com as pessoas. São mais tímidos, travam mais na hora de falar. E os pais, querendo ajudar, acabam participando das entrevistas.

Ela afirmou que também existem episódios de o jovem ser aprovado, receber a notícia e dizer que precisa conversar com os pais para saber se aprovam ou não.

Pais questionam reprovação e demissão dos filhos

A gerente de projetos da Companhia de Estágios, Jéssica Gondim, diz que é comum os pais cobrarem um retorno em relação à vaga e se mostrarem mais engajados que o próprio candidato: “Falam: ‘Meu filho precisa trabalhar, por que ele foi reprovado?’”.

Fernando Campos, CEO do Portal de Estágios, afirma acontecer de os responsáveis entrarem em contato com a empresa para questionar desligamentos. “É bem chato, mas acontece. Já ocorreu de a responsável tentar mediar uma possível recolocação e pedir para eu dar uma segunda chance, dizendo estar indignada com o fato”, relatou.

Gondim também compartilhou ser comum que os telefones nos currículos e nos cadastros sejam os dos pais. “Acontece por vezes de ligarmos ou enviarmos mensagem pelo WhatsApp para o candidato no número de cadastro e, quando vamos ver, é a mãe”, conta.

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