A escritora e jornalista científica Florence Williams foi pega de surpresa ao encontrar um e-mail de amor de seu companheiro para outra mulher, após um relacionamento de três décadas. A descoberta desencadeou um intenso sofrimento emocional e físico, levando-a a explorar a conexão entre o coração partido e a saúde.
Williams compartilhou sua experiência com o programa Inside Science, da BBC, revelando que nunca havia passado por uma desilusão amorosa antes e ficou impressionada com a intensidade da dor. Ela se viu em um estado de perigo, sofrendo de insônia, perda de peso e problemas de saúde, como níveis baixos de glicose e até mesmo o desenvolvimento de diabetes tipo 1, uma doença autoimune.
Interessada em entender como as emoções afetam a saúde, Williams recorreu à ciência em busca de respostas. Ela descobriu que a solidão e o estresse social têm um impacto direto em nosso sistema imunológico. O professor de medicina da UCLA, Steve Cole, explicou que a solidão é um dos fatores mais prejudiciais para a saúde. Em suas pesquisas, Cole encontrou uma ligação entre a solidão e a expressão genética, mostrando que a rejeição social aumenta os marcadores de inflamação e torna o corpo mais susceptível a doenças.
Em colaboração com Cole, Williams fez testes para medir suas células imunológicas após o término do relacionamento e observou um aumento na inflamação. Isso é comparado ao instinto de sobrevivência dos nossos ancestrais, que tinham que se proteger de predadores e doenças quando estavam isolados. Esse mecanismo pode explicar o porquê de pessoas solitárias terem um maior risco de demência, doenças cardiovasculares e morte prematura.
Além disso, a dor do coração partido também pode se manifestar fisicamente. Estudos de ressonância magnética mostram que a dor emocional ativa áreas do cérebro associadas à dor física. A antropóloga biológica Helen Fisher descobriu que o cérebro trata a dor da rejeição amorosa com a mesma seriedade que a dor física.