CLT: empréstimo consignado o que você precisa saber

O Crédito do Trabalhador é uma nova linha de empréstimo consignado que permite a utilização do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia. Lançado oficialmente em março de 2025, o programa é voltado para os trabalhadores CLT, incluindo também os empregados domésticos, rurais e de microempresas.

O diferencial do programa é que a contratação pode ser feita diretamente pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, facilitando o acesso para milhões de trabalhadores.

Os trabalhadores que aderirem ao programa podem solicitar o crédito consignado diretamente no aplicativo da Carteira de Trabalho Digital. O sistema exibe simulações com base no saldo de FGTS e na multa rescisória do trabalhador, oferecendo propostas de diferentes bancos parceiros.

Esses empréstimos têm taxas de juros inferiores ao crédito pessoal tradicional, uma vez que o desconto das parcelas é feito diretamente na folha de pagamento do trabalhador.

No entanto, como destaca Letícia Camargo, planejadora financeira da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), apesar de parecer um crédito mais acessível, não se deve contratar o empréstimo por impulso ou como uma solução para problemas financeiros passageiros.

Uma das grandes vantagens do empréstimo consignado tradicional é a possibilidade de taxas de juros mais baixas, já que o risco de inadimplência para os bancos é reduzido. Porém, nem todas as propostas de empréstimo são iguais, e a taxa de juros pode variar consideravelmente.

No Crédito do Trabalhador, o aplicativo da Carteira de Trabalho Digital apresenta uma taxa de juros simulada de 3,04% ao mês (aproximadamente 43,24% ao ano). No entanto, algumas propostas reais já chegaram a taxas bem mais altas, chegando a 7,62% ao mês, o que representa cerca de 144,39% ao ano. Isso significa que, dependendo do seu perfil de crédito, a taxa pode ser significativamente maior do que a simulação inicial.

Para garantir que você esteja fazendo a melhor escolha, é fundamental comparar as propostas do Crédito do Trabalhador com outras opções de empréstimo consignado no mercado, como o crédito pessoal, que pode ter condições mais vantajosas em alguns casos.

As taxas de juros variam dependendo de vários fatores, incluindo o tempo de empresa do trabalhador, o saldo do FGTS e as autorizações para usar a multa rescisória como garantia. Além disso, o Banco Central publica dados sobre o custo médio do crédito pessoal em diferentes bancos, que pode ser útil para comparar com as propostas do Crédito do Trabalhador. O importante é sempre verificar o Custo Efetivo Total (CET), que inclui todas as taxas e encargos do empréstimo, e não apenas a taxa de juros.

Antes de assinar qualquer contrato, avalie se você tem uma margem financeira suficiente para arcar com o pagamento das parcelas sem comprometer suas finanças pessoais.

Outro ponto crucial é entender o motivo pelo qual você está contratando o empréstimo. Letícia Camargo alerta que, embora o crédito consignado possa ser uma boa solução para situações de emergência, como conserto de um bem essencial ou para iniciar um pequeno negócio, ele não deve ser usado para gastos não essenciais, como viagens ou compras de itens de luxo.

Nesse caso, o empréstimo pode acabar sendo um peso a longo prazo. Se o seu objetivo for quitar dívidas mais caras, como cheque especial ou cartão de crédito, o crédito consignado pode ser uma boa alternativa, já que ele oferece taxas de juros mais baixas. Contudo, sempre faça as comparações com outras modalidades de crédito, levando em consideração o CET.

Um dos maiores riscos do Crédito do Trabalhador é a possibilidade de superendividamento. Com a facilidade de acesso ao crédito e as parcelas descontadas automaticamente do salário, muitos trabalhadores podem acabar se comprometendo além da conta. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), 76% das famílias brasileiras já possuem algum tipo de dívida, o que torna o uso irresponsável do crédito uma preocupação crescente.

De acordo com João Victorino, professor de MBA do Ibmec, é importante que o governo implemente medidas de educação financeira junto com o programa, para que os trabalhadores saibam como utilizar o crédito de maneira responsável e sustentável.

Para solicitar o Crédito do Trabalhador, os interessados devem acessar o aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, disponível tanto para Android quanto para iOS. O processo é simples e envolve as seguintes etapas:

  1. Baixe o aplicativo da Carteira de Trabalho Digital em seu smartphone.
  2. Faça a simulação do empréstimo, informando o valor desejado e o uso do FGTS.
  3. Receba as propostas dos bancos parceiros.
  4. Escolha a melhor oferta, levando em consideração as taxas de juros, o CET e o impacto no seu orçamento.
  5. Após a escolha da proposta, o trabalhador pode formalizar a contratação e aguardar o crédito ser liberado.

O Crédito do Trabalhador é uma opção acessível para milhões de brasileiros, mas como qualquer outro empréstimo, exige cautela. Antes de assinar qualquer contrato, avalie cuidadosamente sua situação financeira, compare as taxas e entenda os riscos envolvidos.

Se utilizado de forma responsável, o crédito consignado pode ser uma excelente solução para quem precisa de recursos rapidamente. No entanto, sem uma análise minuciosa, ele pode contribuir para um endividamento ainda maior. Para garantir que você faça a escolha certa, busque informações, faça simulações e, acima de tudo, mantenha o controle do seu orçamento.

FONTE: Credito digital 

Leia também:Comunicado para quem possui veículos com 10, 20 e 30 anos

Quer receber em primeira mão nossas principais notícias e reportagens?

Mais lidas

da semana

Fique por dentro

Confira também