Veja a única cidade do Brasil onde o espiritismo é a maior religião

Foto da faixada de um colégio espirita na cidade de Palmelo

“Bem-vindo a Palmelo, a cidade da paz”, anuncia a placa à beira da estrada aos que chegam no pequeno município no sudeste goiano, distante 130 quilômetros da capital Goiânia. Com uma população de apenas 2.258 pessoas, é comum encontrar pelo caminho forasteiros que buscam tratamentos espirituais, conselhos mediúnicos ou um alívio para os problemas terrenos. A cidade é, proporcionalmente, com maior numero de pessoas com espiritismo como religião do Brasil, conforme dados da amostra do Censo Demográfico de 2022, divulgados na ultima semana.

Segundo o Censo, 42,6% dos moradores de Palmelo com 10 anos ou mais se declaram espíritas. Em números absolutos, são 858 pessoas entre os 2.258 habitantes.

Referências do espiritismo estão espalhadas por diversos pontos da cidade, seja nas avenidas que levam os nomes de Allan Kardec e Emmanuel (espírito mentor de Chico Xavier), na Escola Espírita Jerônimo Candinho ou na Drogaria Nosso Lar. A fé também movimenta a economia local, já que viajantes de diferentes cantos do país costumam passar semanas, ou até meses, hospedados em pousadas de Palmelo durante os tratamentos espirituais.

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A explicação de tantas pessoas que creem no espiritismo está na própria origem do município: Palmelo nasceu de um centro espírita e, ao redor dele, cresceu. O Centro Espírita Luz da Verdade (CELV), fundado em 1929, deu origem a um povoado que foi emancipado como município em 1953. A criação do templo contou com o apoio do líder religioso Jerônimo Cândido Gomide, conhecido como Jeronymo Candinho, que permaneceu à frente da instituição por 45 anos.

Desde então, o local mantém suas portas abertas aos fiéis, de segunda a segunda. O centro é presidido há 15 anos pelo médium Barsanulfo Zaruh da Costa, de 61 anos. Espírita de berço, Barsanulfo conta que chegou a Palmelo ainda durante a gestação da mãe, que na época morava na vizinha São Miguel do Passa Quatro, a cerca de 60 quilômetros dali. Ela buscava tratamento espiritual na cidade para aliviar “angústia e dores”.

Hoje, o centro conta com cerca de 300 médiuns voluntários, e seu reconhecimento ultrapassa as fronteiras do município, atraindo brasileiros e estrangeiros, anônimos e famosos.

— Recebemos pessoas de vários lugares, recebemos católicos e evangélicos. É como se você viajasse sem sair de casa — declara Barsanulfo.

Sobre a ciddae com muitas pessoas que buscam o espiritismo ‘Encontrei meu destino’

Foi em busca de tratamento para problemas na coluna da mãe que o vice-presidente da associação espírita, o mineiro Salú José Martins, 67, chegou na cidade há 46 anos. Salú descobriu as curas espirituais que aconteciam no município goiano após o próprio pai ser um dos pacientes. Desde então, nunca mais voltou para a terra natal Bonfinópolis.

— Cheguei com 22 anos em Palmelo, e logo descobri que antes estava em uma viagem e finalmente havia encontrado meu destino — relata o médium.

Com atendimentos todos os dias da semana, o centro chega a receber até 100 pessoas num só dia, conforme estimativas do vice-presidente.

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— Muitos vão para suas cidades e voltam para o tratamento, há quem passe temporadas na cidade em pousadas. E também há os que decidem se mudar para cá — comenta Salú.

Maria Francisca Teixeira, de 68 anos, conheceu Palmelo por meio do sogro, que teria sido curado na cidade. Quando o filho pequeno apresentou um problema ósseo sem diagnóstico preciso, em 1977, ela e o marido Bernardino Teixeira Neto, 79, decidiram trazê-lo à cidade, onde permaneceram por um mês inteiro. Depois do período, eles voltaram para Tocantins apenas para fazer as malas e pedir as contas no trabalho, conforme relata a aposentada:

— Falaram que o tratamento dele duraria mais do que um mês, então decidi logo me mudar para cá. E foi a melhor coisa que eu fiz, agradeço a Deus por essa decisão. Meus três filhos fizeram tratamento aqui. Hoje eles estão falecidos, mas o tratamento ajudou muito. Fora daqui, eu não tinha nem amparo médico, nem espiritual. Não trocaria Palmelo por nenhum outro lugar.

Fonte: O Globo

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