Horário de verão deve ser retomado no Brasil, veja por quê

Mão segurando um pequeno relógio com o pôr do sol ao fundo, formando uma silhueta.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) voltou a acender o alerta sobre a capacidade do Brasil em atender a crescente demanda por energia, especialmente nos horários de pico. Diante do agravamento do déficit de potência revelado no Plano de Operação Energética (PEN) 2025-2029, a instituição considera recomendar o retorno do horário de verão ainda este ano.

Relógio analógico antigo em primeiro plano, com sol forte ao fundo em meio à vegetação.
Relógio ao nascer do sol remete ao costume do horário de verão, que pode voltar em 2025.

Medida pode garantir reforço imediato

Segundo o diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, a adoção do horário de verão pode acrescentar 2 gigawatts (GW) ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Para isso, o governo precisa tomar uma decisão até agosto, já que a implementação exige ao menos três meses de antecedência.

“Avaliamos se os recursos disponíveis hoje são suficientes para atender ao consumo do País. O PEN confirmou o diagnóstico de anos anteriores e mostrou que o déficit de potência piorou. Por isso, o horário de verão pode ser considerado imprescindível”, destacou Zucarato.

Falta de leilões agrava cenário

Sem a realização de leilões em 2025 — apesar das recomendações feitas desde 2021 —, o ONS aposta em medidas emergenciais. Entre elas estão o adiantamento de projetos do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) de 2021, o aumento do uso de termelétricas e a importação de até 2,5 GW de energia de países vizinhos.

“Temos energia sobrando, mas não potência suficiente para os horários de maior consumo. Antes, esse déficit era previsto apenas para o futuro. Agora, ele já é uma realidade”, observou o diretor.

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Geração solar cresce, mas não resolve

Embora o Brasil tenha registrado crescimento significativo na geração de energia — especialmente por meio da fonte solar —, essa expansão não resolve o problema da ponta noturna. Isso porque painéis solares não produzem energia à noite.

A mini e microgeração distribuída (MMGD) solar, por exemplo, saltará de 35 GW para 64 GW entre 2025 e 2029. Já a solar centralizada passará de 16,5 GW para 24 GW. A energia eólica também crescerá, de 32,5 GW para 36 GW. Ainda assim, o total de 40 GW a mais não supre a necessidade nos momentos de pico de demanda.

“Com isso, o critério de atendimento da ponta fica ainda mais comprometido, aprofundando o déficit estrutural do sistema”, alertou Zucarato.

Consumo deve ser controlado

Além do horário de verão, outra iniciativa prevista é o uso da “resposta da demanda” — mecanismo que incentiva grandes consumidores a reduzir o uso de energia em horários críticos. No próximo dia 16 de julho, haverá a contratação oficial dessas reduções. Em 2024, essa estratégia economizou apenas 100 megawatts (MW).

O diretor explicou que o consumidor pode oferecer a redução de carga em troca de compensações financeiras. A medida pode ser decisiva para aliviar o sistema em momentos mais críticos.

Risco maior entre outubro e novembro

Caso o período de estiagem se prolongue, o sistema poderá enfrentar sua fase mais crítica entre os meses de outubro e novembro. Por isso, o ONS defende a realização imediata do próximo leilão de reserva de capacidade para garantir reforço em 2026.

“O principal alerta do PEN é que os critérios de potência não estão sendo atendidos. A situação piorou porque a demanda prevista aumentou e já não há mais tempo hábil para contratar nova potência em 2025”, afirmou Zucarato.

Retorno após seis anos

O horário de verão deixou de ser adotado em 2019, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Antes disso, a medida vigorava anualmente entre os meses de outubro ou novembro e fevereiro ou março, somando mais de 30 anos de aplicação.

Agora, diante do novo cenário energético, o retorno da medida ganha força como uma alternativa rápida para aliviar o sistema, garantindo mais estabilidade durante os períodos de maior consumo.

Fonte: Redação

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