Emerson Rogério de Souza, de 51 anos, deixou o celibato para viver uma relação poliafetiva em Araçatuba (SP). O ex-padre divide casa, tarefas e a vida íntima com Daniela, sua esposa há 26 anos, e com Camila, que entrou no relacionamento há dois anos. A mudança, segundo ele, não representou uma perda da fé, mas sim um rompimento com as regras da instituição religiosa.
Críticas à monogamia
Durante anos como padre, Emerson ouviu confissões de casais em crise e presenciou histórias de traições. Essas experiências reforçaram sua visão de que a espécie humana não é naturalmente monogâmica. Para ele, se fosse, cada pessoa teria apenas um relacionamento ao longo da vida. Assim, defende que a não monogamia pode ser mais honesta e saudável.
Encontro nacional de trisais
O ex-padre, Daniela e Camila participaram do 1º Encontro de Trisais do Brasil, realizado em Pinhalzinho (SP). O evento buscou dar visibilidade às famílias poliafetivas e defender seu reconhecimento jurídico. Emerson destacou que muitos trisais existem, mas nem sempre todos os envolvidos têm consciência disso. No caso deles, tudo é baseado em diálogo e transparência.
Do casamento ao poliamor
A abertura ao poliamor surgiu após 13 anos de casamento. Daniela, que sempre se identificou como bissexual, enfrentava conflitos internos por causa da religião. Depois de conversas francas com o marido, o casal decidiu viver novas experiências. Assim, Camila passou a integrar a família, formando um relacionamento em triângulo, no qual todos se relacionam igualmente.
Amor e fé lado a lado
Apesar de ter deixado o sacerdócio, Emerson afirma que continua guiado pela fé. Além disso, ele ressalta que acredita que Cristo nunca proibiu o amor e, portanto, defende que a Igreja poderia lidar de forma mais realista com os relacionamentos. Segundo ele, proibir e condenar, em vez de orientar, sempre gerou ainda mais sofrimento e, consequentemente, afastou pessoas. Hoje, por outro lado, Emerson garante que sua experiência lhe permite aconselhar casais — tanto monogâmicos quanto não monogâmicos — com mais empatia, clareza e também compreensão.
Fonte: Redação
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