Imigrantes de vários países têm se refugiado em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Um deles afirma que não pode se identificar nem falar onde nasceu porque é procurado por muçulmanos. O homem, que ainda não fala português, afirma que a perseguição começou após ele ter postado sobre o Cristianismo na internet.
De acordo com o imigrante, após as ameaças, ele e a família se mudaram para o Sri Lanka. No entanto, foram localizados e se mudaram para um país europeu, que ele não revela qual. Nesse local, eles foram presos por não terem visto.
Amigos do imigrante entraram em contato com uma organização não-governamental, que os avaliou. Depois do processo de entrevistas, o grupo decidiu que o melhor para os refugiados era vir para o Brasil.
O Núcleo de Assuntos Internacionais (NAI) de uma faculdade de Anápolis está ajudando a família a se adaptar no país.
“Recebeu da nossa associação um apoio em termo de estudo de português, bolsa de estudos para os filhos e ajudar a família na adaptação da sociedade Anapolina”, explicou o coordenador de projetos humanitários da faculdade, Rocindes José Corrêa. A família agora tenta visto permanente no Brasil.
Sírios
Os irmãos sírios Hanna e Nassim Moussa também decidiram deixar o país de origem. Eles não aguentavam mais viver em meio à guerra civil, iniciada em 2011. Por isso, procuraram o apoio de um tio que já vivia em Anápolis, o empresário Nabil Hanna.
O parente fez questão de ajudar os refugiados, que vieram há seis meses para o Brasil. “Eu acho que não é pelos meninos somente porque a gente também tem uma questão da herança do meu pai. Como ele foi um imigrante, lutou muito para estar onde ficou, então, a gente veio com essa sensação de ajuda humanitária”, disse o empresário.
Apesar de no começo ter sido difícil, os irmãos já se adaptaram ao país. Para eles, apreender o português foi fundamental, inclusive, para conseguir um emprego.
Formado na Síria em informática, Nassim está trabalhando na área dele em uma empresa do Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA). Hanna também está empregado. Ele é o responsável pelo controle de qualidade em uma indústria de embalagens na cidade.
Os irmãos contam que sentem falta da terra natal. No entanto, para eles, a liberdade compensa a distância do país. Felizes no Brasil, os jovens não pensam em voltar a viver na Síria. “Quando a guerra acabar, eu vou voltar, mas não para morar, só para ver amigos”, disse Hanna.
Crise migratória
A Europa vive uma crise migratória de enormes proporções. Guerras, pobreza, repressão política e religiosa são alguns dos motivos que fazem milhares de pessoas saírem de seus países em busca de uma vida melhor no continente europeu.
De acordo com um relatório da ONU, somente neste ano, mais de 220 mil imigrantes teriam chegado à Europa pelo Mediterrâneo. Os principais destinos dos imigrantes são Grécia, França, Itália e Inglaterra.
A travessia clandestina é arriscada: centenas já morreram tentando chegar à Europa. Traficantes de pessoas chegam a cobrar mais de R$ 10 mil por indíviduo para realizar a viagem pelo mar, em condições precárias. Mesmo em solo europeu, a viagem não termina para os imigrantes, que tentam seguir para a Grã-Bretanha pelo Eurotúnel ou ficam retidos nos países por falta de documentação, correndo risco de deportação.
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Fonte: G1