Pesquisa da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal revela que o uso de celulares e tablets por crianças de zero a três anos saltou de 15% para 59%, após o isolamento social imposto pela pandemia.
Vale destacar, a exposição às telas já era considerada alta por especialistas. Agora é motivo de alerta, uma vez que pode afetar o desenvolvimento cognitivo e prejudicar a visão, além de piorar a postura. Este último, é fator de risco para o desenvolvimento de doenças musculoesqueléticas na fase adulta.
O ortopedista e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) Tiago Antunes viu crescer no consultório as queixas de dores na coluna entre pacientes pediátricos. Ele diz, inclusive, que as crianças são mais suscetíveis à “síndrome de pescoço de texto”.
Questionado sobre a doença, ele explica que ela é ocasionada por estresse repetitivo na região da cervical. “Passar longos períodos com a cabeça abaixada para olhar o celular aumenta a pressão dos discos que ficam entre as vértebras e facilita a degeneração das articulações dessa parte do corpo. O resultado são dores atrás do pescoço, na cabeça, nos ombros, braços e até deformações osteomusculares.”
O médico sugere que o tempo dos pequenos em frente às telas deve ser limitado. “Elas podem facilmente ficar até cinco ou mais horas ininterruptas no celular e em posições extremamente prejudiciais para a coluna. O ideal é que os responsáveis organizem pausas estratégicas para alongamentos e atividades físicas.”
Além disso, ele também recomenda que os pais não deixem as crianças usarem telas deitadas no sofá, além de ficar de olho na postura e corrigir quando necessário. Outras dicas de Tiago são: oferecer cadeiras com encosto e apoio de braços; garantir que os dois pés alcancem o chão ao sentar na cadeira; e observar o peso do dispositivo que a criança tem em mãos. “Se segurado por horas, pode gerar dores e desconfortos”, adverte.
Quem passa por isso é Lorenzo Azevedo, de um ano e nove meses. A mãe dele, a advogada Stefanni Azevedo, sabe das recomendações, mas também reconhece a dificuldade de colocar os limites em prática, especialmente nestes tempos de Covid.
Fonte: Mais Goiás