Enquanto a população não entender que ela é protagonista no processo de combate à proliferação do aedes aegypti – o mosquito que transmite a dengue, chikungunya e o vírus zika – a situação não vai mudar e Anápolis tende a permanecer na posição de segunda cidade de Goiás com maior incidência de casos de dengue notificados. São 4.950 só neste ano. Quem faz esta afirmação é a gerente municipal de controle de doenças transmitidas por vetores, Érica Reis.
“Cerca de 80% da população não faz sua parte e, dessa forma, mesmo realizado com muita eficiência pelos profissionais envolvidos, nosso trabalho fica invisível”, diz Érica. A falta da participação da população é o maior problema enfrentado no combate ao mosquito aedes aegypti, e isto é consenso. Muitas pessoas cobram da administração municipal o controle químico, pois acreditam ser a solução. No entanto, a aplicação de inseticidas e o “fumacê” são medidas apenas complementares e podem ser extremamente prejudiciais à saúde das pessoas e ao meio ambiente. Além disso, elimina apenas parte dos mosquitos adultos. Ou seja, a fase mais fácil de controlar é a aquática, na qual é possível eliminar ovos e larvas.
Daí a importância das ações que estão em andamento em Anápolis, afirma Érica Neiva, como a força-tarefa que agrega Corpo de Bombeiros de Anápolis e Base Aérea, e que está fazendo uma varredura pelos bairros de Anápolis. A administração municipal também abriu concurso para contratação de novos agentes da dengue, mas por maior que seja a quantidade de profissionais, sem a ajuda do cidadão é impossível barrar a dengue.
O raciocínio é simples: o mosquito precisa de 10 dias para começar a picar; se o agente existisse para limpar a casa da pessoa, o que é um absurdo, ele teria que passar no local a cada sete dias. Érica Reis fala também que a limpeza dos lotes é de responsabilidade do dono, e não da prefeitura. Esse é outro equívoco: a prefeitura não tem obrigação de fazer esse tipo de serviço.
Questionada se as pessoas desconhecem o poder de ação do mosquito, a coordenadora informa que comprovadamente o Aedes Aegypti tem um raio de ação de três quilômetros. “Porém ele é leve e o vento o leva para qualquer local. Ele sobrevive até 42 dias, isso é uma média. O ovo sobrevive 465 dias no seco esperando água parada.
Entrou em contato com a água, em 8 minutos tem a lombriguinha, que é o estágio 1 da larva”. Ou seja, a resistência e a rapidez de proliferação são surpreendentes.
Dengue em Goiás
O secretário de Saúde do Estado de Goiás (SES), Leonardo Vilela, divulgou no início de março o aumento nos casos de dengue em 2016, que registrou 32,6 mil, comparados com 2015, quando houve 29,7 mil notificações. Pelo menos metade dos casos foram registrados em Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia.
O aumento vem durante a força-tarefa da secretaria para eliminar focos do Aedes aegypti. O secretário frisou que, mesmo com o aumento de notificações, o porcentual de imóveis com focos do mosquito caiu de 3,99% para 2,13%. “Há uma conscientização da população, o que tem nos ajudado muito”, disse.
O secretário garantiu que o grupo de combate ao mosquito já visitou todos os 246 municípios de Goiás, passando em todos os imóveis.
Fonte: Tribuna de Anápolis